Todos os que um dia jogaram futebol, em particular se foram defesas, sabem o que eu sei. Na altura do remate do jogador que nos compete marcar, os nossos olhos devem fixar-se apenas na bola. Só assim se consegue – quando se consegue – tapar o caminho da “menina” para a baliza.
Ainda no último Real-Barça, fiquei admirado pela forma como Messi, com um defesa cotado e experimentado como Sergio Ramos bem na sua frente, logrou não só rematar como enganar Diego López, atirando a bola para o lado mais improvável.
Bem, admirado num primeiro segundo porque depois a obra já não é do “avançado”, é de Messi. O génio argentino usa a sua técnica insuperável à velocidade dos craques dos matraquilhos, ou seja, quem defende não tira os olhos da bolinha mas só sabe que ela entrou quando a ouve bater na madeira.
Com o Milan repetiu-se a história: entraram duas batatas com o selo de Messi, que os defesas italianos só viram quando se colaram à rede. Mais um dia passado e “habemus papam”. E é argentino? Peço perdão por chamar ao caso o diabo: é que, depois de Deus, um Papa das pampas é capaz de já ser de mais.
Passe curto, publicado na edição impressa de Record de 13 março 2013