Alexandre Pais

Depois da derrota, o Benfica vai ter de comer a mobília

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Com a defesa do FC Porto irreconhecível pela ausência de Bruno Alves, tudo parecia indicar que uma noite de bruxas esperaria os portistas, no próximo sábado, em Aveiro.

A confirmação da saída do central, cuja dupla com Rolando fazia subir claramente o rendimento do ex-belenense, deixa os adeptos azuis-e-brancos, após o “encorajante” 0-1 da Luz, sujeitos à mesma angústia, sem grande confiança num resultado positivo.

O que mudou depois da partida de ontem foi a euforia encarnada, já que o Benfica mostrou que não é aquilo que em boa verdade não existe no futebol: uma invencível armada. Jogou mais, teve uma boa primeira parte, com períodos de forte pressão sobre os ingleses, e poderia até, sem tanto azar, ter apontado dois ou três golos.

Está a jogar muito o Benfica!, comentava-se ao meu lado. Pois, mas se os ingleses marcam num lance fortuito…, fui avisando, contra a corrente. E marcaram.

Bem fez Jorge Jesus, que começou com uma equipa e acabou com outra. Porque não só poupou os jogadores nucleares como pode agora, desmanchada a tenda, desvalorizar a derrota e a perda da Eusébio Cup, com o perdão do Rei. Desde que o Benfica ganhe a Supertaça, evidentemente.

Posto isto, terá melhorado o cenário para o FC Porto? Sim e não. Sim porque os seus jogadores, ainda sem equipa e se calhar sem treinador, veremos, tiveram a prova de que também poderão vencer se o adversário voltar a falhar. Não porque este insucesso do Benfica levá-lo-á, no sábado, a ter de entrar na sala para comer a mobília.

E que fará Villas-Boas com Raul Meireles? Perderá mais uma pedra fulcral para não prejudicar uma eventual transferência? Pois, será inteligente portar-se bem nesta fase em que o futuro é uma incógnita, uma “palhaçada”, para utilizar um termo de que tanto gosta. É que assim, Pinto da Costa, se tiver que despedi-lo, fá-lo-á certamente “à Quinito”: com um bem-haja, um abraço e, talvez até, um queijo da serra.

Minuto 0, publicado na edição impressa de Record de 4 agosto 2010

Por Alexandre Pais
Alexandre Pais

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