Alexandre Pais

Cristiano Ronaldo e João Félix: a mesma luta

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Enquanto mantiver esta tribuna, continuarei a defender Cristiano Ronaldo de apreciações movidas pelo ódio. Sou, assim, insuspeito se disser que não entendo os motivos que o levaram a manifestar – publicamente, que é sempre o que causa maior dano – tanta incompreensão pela sua substituição na partida de ontem em Old Trafford. O seu desempenho estava a reduzir as hipóteses de a equipa chegar à vitória? Não. Jadon Sancho participava menos no jogo do que ele e podia ter sido o escolhido por Ten Hag para sair? Sim. Mas nada disso colide com a óbvia razão pela qual o treinador colocou Rashford no lugar do português, aos 72 minutos: a gestão da sua disponibilidade física. Por um lado, os 313 minutos de Cristiano, em quatro desafios em 11 dias, e por outro a brutal série de jogos que espera o Manchester United entre a próxima quarta-feira, dia 19, e 13 de novembro. Em menos de quatro semanas, os ‘reds’ terão de disputar oito (!) partidas, as duas primeiras logo contra Tottenham e Chelsea… O que pretende Cristiano? Atuar os 90 minutos em todos os jogos? A cada três dias? A três meses e meio de completar 38 anos? Mesmo que a sua idade biológica seja inferior, ninguém é de ferro. Ten Hag tomou a decisão mais sábia e em benefício do próprio Cristiano.

A propósito: o que passará pela cabeça dos ‘especialistas’ que comparam os golos de Haaland com os de Cristiano no início da carreira? Exaltam os números de um avançado confrontando-os com os de um médio/extremo? Tolice pura.

Fui um dos muitos opinantes que, no verão de 2019, alertaram para o que, afinal, estava à vista: era cedo para João Félix deixar o Benfica, sendo também o Atlético de Madrid um clube desaconselhável – pelo tipo de jogo característico de Simeone – a um jovem criativo que gostava de atuar solto e que iria ficar condicionado por um intenso desgaste defensivo. Como se não bastasse esse erro, as lesões não pararam de apoquentar o jogador e hoje ele é ‘mais um’ dos suplentes do Atlético: entrou a 8 minutos de terminar o duelo com o Athletic Bilbao. ‘Copiando’ de alguma forma as ‘birras’ do seu ídolo e capitão, Félix havia atirado ao chão o colete, perto do fim do desafio anterior, para a Champions, quando viu que já não seria opção. A seguir, manifestou – ou alguém por ele, um clássico – que queria abandonar o Atlético, coisa simples em função do dinheiro em causa. A pouco mais de um mês do Mundial, esta postura não augura nada de bom, nem para a Seleção, nem para uma carreira que tanto prometeu. Quem se recorda da última grande exibição de João Félix?

Parágrafo final para a eliminação do Sporting da Taça de Portugal. Os seus jogadores não levaram a sério o susto apanhado na véspera pelo Benfica e agravaram a crise de resultados. Agora sim, veremos se os adeptos leoninos aprenderam com as lições do passado e vão enfrentar a realidade de forma paciente e positiva ou se começam – aliás, se continuam porque começar já começaram… – a pôr tudo em causa. Se optarem pelo pior caminho, correrão sérios riscos de destruir o relevante trabalho de recuperação do clube levado a cabo nos últimos anos. Chegou a hora da verdade.

Outra vez segunda-feira, Record, 17out22

Por Alexandre Pais
Alexandre Pais

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