Alexandre Pais

Canto direto: saiu o mau da fita. E agora, Sporting?

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“Os adeptos do Sporting não deviam pagar a sobretaxa de IRS de 4% porque são pessoas que já sofrem o suficiente na vida” – escrevia anteontem, no Twitter, com humor, @joaomhenrique, um dos muitos observadores interessados na realidade leonina. É o meu caso, que bem conheço a influência das derrotas dos maiores clubes portugueses – e não me refiro apenas aos três grandes – no estado de espírito dos seus seguidores na altura de se aproximarem das bancas.

Ao ver o “passe” de Boulahrouz para o terceiro golo do Videoton – de Caneira e Paulo Sousa, calcule-se a humilhação – dei comigo a pensar como melhorou a defesa do Sporting desde que Polga se foi embora… É que não consigo encontrar, na mão cheia de centrais do leão, ningém melhor que o internacional brasileiro, que deixou Alvalade simplesmente porque havia quem estivesse “farto” dele!

Tratou-se do mesmo critério, ou ausência dele, que levou Paulo Bento a bater com a porta para não ter de aturar mais os insatisfeitos – ou talvez até “revoltados” – com os quatro segundos lugares consecutivos do Sporting. Realmente era desilusão a mais, como as temporadas seguintes demonstraram.

De tiro no pé em tiro no pé, chegámos ao consulado de Sá Pinto e a um plantel multinacional e sem referências, que acumularam desastres e não deixaram perceber se perseguiam um rumo ou se iam sobrevivendo sem ele. E quando, à meia hora do jogo de quinta-feira, saiu o capitão (?) Rinaudo, fiquei com a sensação que o experimentalismo do treinador continuava e que a equipa vivia ainda a fase incaraterística de um início de época.

Gosto da determinação de Sá Pinto e admiro o seu sportinguismo, mas nunca acreditei que o voluntarismo, a insistência no “muito fortes” e o apelo à garra pudessem resolver o problema da falta de rendimento da equipa. O Sporting não vai lá com fé, precisa de parar para pensar e mudar de atitude. E se calhar de organização. O problema é saber como dar essa volta, agora que o mau da fita saiu de cena. Porque se o novo técnico se abraçar sempre ao Paulinho, e só ao Paulinho, tudo ficará na mesma.

Canto direto, publicado na edição impressa de Record de 6 outubro 2012

 

“Os adeptos do Sporting não deviam pagar a sobretaxa de IRS de 4% porque são pessoas que já sofrem o suficiente na vida” – escrevia anteontem, no Twitter, com humor, @joaomhenrique, um dos muitos observadores interessados na realidade leonina. É o meu caso, que bem conheço a influência das derrotas dos maiores clubes portugueses – e não me refiro apenas aos três grandes – no estado de espírito dos seus seguidores na altura de se aproximarem das bancas.
Ao ver o “passe” de Boulahrouz para o terceiro golo do Videoton – de Caneira e Paulo Sousa, calcule-se – dei comigo a pensar como melhorou a defesa do Sporting desde que Polga se foi embora… É que não consigo encontrar, na mão cheia de centrais do leão, ningém melhor que o internacional brasileiro, que deixou Alvalade simplesmente porque havia quem estivesse “farto” de o ver!
Tratou-se do mesmo critério, ou ausência dele, que levou Paulo Bento a bater com a porta para não ter de aturar mais os insatisfeitos – ou talvez até “revoltados” – com os quatro segundos lugares consecutivos do Sporting. Realmente era de mais, como as épocas seguintes demonstraram.
De tiro no pé em tiro no pé, chegámos ao consulado de Sá Pinto e a um plantel multinacional e sem referências, que acumularam desastres e não deixaram perceber se perseguiam um rumo ou se iam sobrevivendo sem ele. Quando, à meia hora do jogo de quinta-feira, saiu o capitão (?) Rinaudo, fiquei com a sensação que o experimentalismo do treinador continuava e que a equipa vivia ainda a fase incaraterística de um início de época.
Gosto de Sá Pinto e admiro o seu sportinguismo, mas nunca acreditei que o voluntarismo, a ação psicológica do “muito fortes” e o apelo à garra pudessem resolver o problema da falta de rendimento. O Sporting não vai lá com fé, precisa de parar para pensar e mudar de atitude. O problema é saber como dar a volta, agora que o bode expiatório saiu. Porque se o novo técnico se apoiar só no Paulinho, tudo ficará na mesma.

Por Alexandre Pais
Alexandre Pais

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