Ver televisão por obrigação é
tortura a que a escrita desta coluna não me submete. A que toma o meu tempo de
normal espectador basta para acompanhar o que me interessa e viver bons e maus
momentos.
Esta semana não foi feliz.
Passei pelo inenarrável “Dr. White”, da SIC, na esperança vã de que algo
melhorasse. Mas talvez a segunda série seja ainda pior que a primeira, pois
mantém-se o cabotinismo do pivô, a ridícula apresentação dos “doutores” e a
indigência dos textos, de que a expressão “os resultados resultantes” é exemplo.
Caí também na já clássica mina da “Casa dos Segredos”, da TVI, e num breve minuto fui apanhado por
uma falsa loura a lamentar-se de que não lhe quiseram “chupar o dedo”, tendo o
verbo sido repetido com as insinuações que se calculam, perante os risos
alvares da plateia rendida ao guião e à Teresa.
Mas a desgraça total surgiu na quarta-feira, com o “directo” multicanal de Vítor Gaspar, cujo dom de
comunicador nos leva para o inferno com a suave sensação de estarmos a subir ao
céu. Juro, até, que cheguei a ver anjinhos.
Antena paranóica, publicado na edição impressa do Correio da Manhã de 7 outubro 2012