A “Grande Entrevista” da RTP1 colocou esta semana frente-a-frente dois dos meus jornalistas preferidos: Judite de Sousa e Artur Agostinho.
Nela, admiro desde logo o triunfo profissional numa área em que as mulheres em postos de relevo já deviam ser – mas ainda não são – regra, depois a qualidade e o rigor que coloca no seu trabalho e, finalmente, a isenção que só vi abanar uma vez: quando caiu na tentação de “defrontar” um José Sócrates sempre crispado.
Dele, já nem sei que diga, tantos são os êxitos que acumulou, a inveja que suportou, as perseguições que sofreu e a determinação que lhe permitiu chegar aos 90 anos em actividade, com um raciocínio cristalino, um poder de comunicação intacto e os insectos que o picaram derrotados a seus pés.
Foi uma meia hora viva, intensa e, todavia, desgraçadamente pequena. Porque milhares de telespectadores não tiveram sequer tempo de entender que a RTP lhes estava a servir um momento raro e especial do primado da palavra – e nem uma palavra se perdeu porque o seu peso era ouro.
Sorte de quem acompanhou o diálogo de dois comunicadores de excelência, sorte minha que pude viver cada um daqueles 30 minutos de emoção e de encantamento.
Antena paranóica, crónica publicada na edição impressa do Correio da Manhã de 5 fevereiro 2011