Marta
Crawford foi há anos a primeira pepita de uma mina de ouro na TV portuguesa:
uma mulher bonita a falar de sexo. Numa sociedade preconceituosa, a intervenção
pública da psicóloga constituiu uma lufada de ar puro nesse pântano de tabus
que a tacanhez sempre refaz.
Com
o programa na TVI, em 2005, e os que se seguiram, Marta esgotou o modelo da
conversa aberta, espontânea e desinibida, ou seja, não geriu, ou não a deixaram
gerir o filão de maneira que o conceito pudesse ressurgir com renovado
interesse.
Por
isso, a estreia de “100 tabus”, na SIC Mulher, só não resultou numa desilusão absoluta
porque a capacidade de comunicação de La Crawford é extraordinária. Mas o resto
arrastou-se, penosamente, com a malta do Clube Taurino Alcochetense – os dois
cromos que estavam atrás da moderadora do debate não podiam, pela bacoquice das
expressões, ter sido pior escolhidos – a emitir opiniões ridículas que remetiam
a curiosidade do telespectador para a reacção da sexóloga ao suposto atrevimento,
o “déjà vu”.
Marta merecia uma abordagem inovadora.
Antena paranóica, publicado na edição impressa do Correio da Manhã de 29 setembro 2012