A Seleção foi ontem igual ao que nos habituou: tudo quanto alcança é à custa de muita luta e sofrimento. Reconheça-se ou não, a equipa nacional atravessa uma fase de renovação, que se intensificará dentro de um ano, depois do Mundial, ou talvez ainda em 2013, se falharmos a qualificação.
Bruno Alves, Pepe, Raul Meireles e Hélder Postiga avançam já pelos 30 anos e restam apenas mais quatro ou cinco futebolistas ao nível das grandes seleções que tivemos na década passada. Não há milagres: se quando tínhamos no ativo 14 ou 15 internacionais de primeiro plano e classe aproximada, não fizemos melhor do que ser vice-campeões da Europa e quartos classificados num Mundial – o que já foi magnífico para um pequeno país como o nosso – não é hoje, que somos forçados a chamar jogadores que nem são titulares nos seus clubes que podemos exigir à Seleção exibições empolgantes, goleadas fantásticas e qualificações rápidas e inapeláveis.
Escrevo tendo nas minhas costas uma foto da turma nacional de 2004, com Ricardo Carvalho e Jorge Andrade, Costinha e Deco, Maniche e Figo, Pauleta e Cristiano Ronaldo… Com o devido respeito pelos que hoje vestem a nossa camisola, em termos individuais não há comparação possível.
Só que os objetivos atingem-se também com método, organização, rigor, atitude, solidariedade e eficácia, tudo o que um conjunto de bons profissionais, dirigidos por técnicos competentes, pode reunir, construindo desse modo uma equipa que permita sonhar… com a base instalada no planeta Terra.
Ontem, na Luz, não vimos estrelas, até porque a fase final da época, a paragem dos campeonatos e o “cheiro” a férias tornam as coisas mais difíceis. Mas pudemos ver empenho, caráter e espírito de entreajuda, ou seja uma Seleção a trabalhar com o rumo certo e a conseguir um resultado excelente.
Dou-me por satisfeito, pedir mais seria absurdo.
Canto direto, publicado na edição impressa de Record de 8 junho 2013