O tema do novo corte das pensões, que não mereceria discussão num país decente, tornou-se fraturante entre nós. A minoria que descontou para ter hoje as pensões que tem – já corroídas pelo novo modelo de cálculo de 2007, pela taxa de sustentabilidade, pela CES e pela inflação – vê isso como um direito, mas a maioria, envolta na nuvem da inveja social, parece aceitar que o caminho seja o da perseguição aos velhos que se tornaram… improdutivos.
E recorre-se a tudo em defesa da dama-ladra, em especial ao chavão da insustentabilidade da Segurança Social, que tem défice não por causa das pensões contributivas – como demonstrou há dias António Bagão Félix, na SIC Notícias, as receitas da TSU superam, em 1.750 milhões de euros, o custo dessas reformas.
O excedente só não consegue é tapar o buraco aberto pelas pensões rurais e sociais, não contributivas, mais os complementos para se atingir o valor das pensões mínimas contributivas, buraco esse que ascende a 3.540 milhões, pelo que já é hoje necessário recorrer a outras fontes de receita para arranjar os 1.790 milhões de euros em falta.
Mas em vez de continuar a procurar esse valor, para que o Estado honre os compromissos que unilateralmente assumiu – cortando nas 4.500 empresas e nos 13 mil gestores-boys do sector público, por exemplo –, o Governo entende que bastará, em 2016, encontrar 1.200 milhões de receitas compensatórias, para tapar parte do tal buraco, porque os outros 600 milhões podem bem ser roubados de novo aos pensionistas – muitos deles ainda a contas, supostamente até janeiro de 2017, com a tenebrosa CES.
Um país liderado por gente gente desta é uma vergonha.
A insistência no roubo das pensões
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