Quando morremos, nada depende de nós, tudo acabou. Situação totalmente diferente é quando alguém entende que estamos mortos ou tem uma enorme vontade que isso aconteça. Aí, alto, isso já depende de nós. E compete-nos não permitir que o corpo arrefeça.
Como madridista, nunca fui grande fã de Luis Suárez, não tanto pelos amargos de boca que me deu e mais pelo estilo quezilento com que os árbitros espanhóis, de forma estranha, digo eu, sempre contemporizaram. Mas chocou-me a maneira, injusta e humilhante, como Josep Bartomeu o afastou. Ainda por cima em prejuízo do Barcelona, que despedindo o melhor amigo de Messi desestabilizou o argentino e, “matando” os dois, lançou as bases de uma temporada falida.
O péssimo ato de gestão de um dos piores presidentes da história do Barça completar-se-ia com uma nova e inacreditável jogada de burro: a saída de Suárez a custo zero, e logo para um rival “menor” – não fosse o uruguaio ir parar ao Real Madrid e ajudar os merengues a serem campeões…
Insatisfeito, Bartomeu continuou: impediu Messi de sair, sem que daí viesse a colher, como se viu, benefícios desportivos, e perdendo com isso os depauperados cofres dos “blaugrana” qualquer coisa como 150 milhões de euros – somando o que poderia ter recebido com a venda de Leo ao que lhe teve de pagar para cumprir o contrato. Tudo em plena pandemia e em fase de grave quebra de receitas!
Desprezado pelo clube que defendera com tanta emoção, algum exagero e uma eficácia brutal – seis temporadas e duas centenas de golos – e tocado no seu orgulho, ou Luis Suárez estava mesmo “morto”, ou seria de prever a sua reação. Podia ter ido para a Arábia, para a China ou para a MSL e desaparecido do mapa. Mas não, deixaram-no ficar onde existia a forte probabilidade de fazer estragos, no Atlético de Madrid. Aí, cedo se mostrou o ás de trunfo na enorme vantagem pontual que foram acumulando e no modo como a defenderam na duríssima parte final de La Liga. Com a cereja no topo do bolo nas duas derradeiras rondas: Suárez a lograr os golos dos triunfos decisivos sobre o Osasuna e o Valladolid, que fizeram do Atlético campeão. E o Barça em terceiro, como corolário de um ruinoso negócio.
Pelo meio, um almocinho em Madrid, no mediático Numa Pompilio – onde se sentam os que querem ser vistos – com o amigo Leo Messi e as respetivas mulheres, um encontro que terá começado, admito eu, com a abertura de uma garrafa de Moët & Chandon, bebida à saúde do benfeitor de ambos, Josep Maria Bartomeu, esse inesquecível intérprete de uma burrice histórica.
Não consigo compreender o rigor de expulsão de Helton Leite, que deixando o Benfica com 10, aos 18 minutos, traçou o destino da Taça. Foi mais um percalço num “annus horribilis” dos encarnados, que merecia ser alvo de reflexão profunda. Mais do que isso, manda a verdade que se reconheça o mérito indiscutível do Sp. Braga numa vitória que vem na sequência do trabalho paciente e determinado de António Salvador e da estrutura que escolheu. E da qualidade de Carlos Carvalhal e dos jogadores, formiguinhas indiferentes ao canto das cigarras. Chapeau!
E a propósito: por que foi expulso Piazon? E por que não foi expulso Eduardo, que agrediu Taarabt mesmo à frente de um árbitro assistente? Lá sai mais um daqueles intermináveis inquéritos para a mesa do canto, enquanto a incompetência continua…
O futebol é isto: após ter falhado esse objetivo nos últimos anos, o Milan apura-se para a Champions na mesma época em que só um penálti, aos 120’+2, impediu o Rio Ave de o afastar da Liga Europa.
E palmas para Cristiano por ter obtido o seu quinto título ao serviço da Juventus e por ter sido o melhor marcador da Serie A – com 29 golos, menos um que Messi no campeonato espanhol – o que faz de CR7 o único jogador da história do futebol a ser artilheiro-mor em três das cinco maiores ligas europeias. E também o único a conquistar os três principais títulos na Premier League, em La Liga e na Serie A.
Feia atitude de Ana Capeta, que se colocou ao nível de Miguel Cardoso. Sabendo como as punições são ridículas, a ordinarice pega de estaca.
Estou feliz por Jesualdo Ferreira e pelo seu êxito no Boavista, mas triste pelo azar de Rúben Guerreiro, que estava com um desempenho tremendo no Giro e teve de desistir. É assim a vida.
O parágrafo final é de saudação ao meu segundo clube, que tornou a falhar a subida à divisão principal. Mas a Briosa nunca desiste. E voltará.
Outra vez segunda-feira, Record, 24mai21 (versão integral)