Justamente desiludidos com a modesta exibição no dérbi, os adeptos do Sporting talvez apreciem hoje melhor o extraordinário trabalho de Rúben Amorim e a sua capacidade de fazer mais com menos, uma arte com limites. O golo que decidiu o jogo de Alvalade foi fruto da ação de um avançado – cobiçado por meia Europa – que tem um motor nas pernas e que, acorrendo com um metro de atraso a um passe longo, ultrapassou dois centrais ‘pesados’ e marcou. Ou seja, Darwin é o jogador que o Sporting não tem, como o Benfica não tem, valha a verdade, um central como Luís Neto. Daí que Nelson Veríssimo optasse, inteligentemente, por uma estratégia de contra-ataque, jogando em 30 metros e soltando o uruguaio na frente. Resultou duas vezes e bastou.
E pergunta a minha ingenuidade: por quanto tempo mais vai Rui Costa manter no banco um funcionário ávido por ‘mostrar serviço’ sem ter a mínima noção de que as tristes cenas que protagoniza são indignas de um clube como o Benfica?
Recordo sem saudosismo, mas com a emoção dos bons momentos que permanecem, a alegria do meu pai quando a Académica visitava o Belenenses. A Briosa era o seu segundo clube e cedo passou a ser também o meu. A equipa entrava em campo sobre uma passadeira de capas negras, estendida pelos muitos estudantes que a seguiam por todo o país. Lembro-me perfeitamente de jogadores sublimes, como Augusto Rocha, tecnicista admirável, Capela, guardião ‘inexpugnável’, Mário Torres, central imperial, ou Bentes, extremo esquerdo veloz e de jogo vertical. E já na década de 60, claro, das épocas dos irmãos Campos, do Gervásio, do Toni, do Artur Jorge, do Manuel António ou do Rui Rodrigues – que viria a conhecer 40 (!) anos mais tarde, num Estádio Record em que participou, é assim a vida.
Sofro, por isso, com a descida da Académica à Liga 3, de onde só sairá com um projeto sólido, liderado por investidores que tenham a ‘cabeça no dinheiro’ e que aceitem, ao mesmo tempo, gerir a dívida acumulada da sociedade desportiva e do organismo autónomo, que me garantem ser superior a 13 milhões de euros, uma barbaridade.
Pinto da Costa completou 40 anos como presidente do FC Porto. Goste-se ou não, trata-se de um caso notável de sucesso. Recordista mundial de títulos, o líder portista prepara-se para meter mais um no bolso. Chapeau!
Cristiano Ronaldo assinou o 50.º ‘hat-trick’ – a somar a oito ‘pókers’ e duas ‘manitas’ – alcançando os 15 golos na Premier, tantos como Diogo Jota. Afinal, os anunciados grandes candidatos ao ‘top’ dos marcadores, no início da temporada, seguem atrás: Harry Kane, tem 12 remates vitoriosos – apesar de ter disputado mais três jogos – e Lukaku não vai além de quatro. A realidade acompanha mal a vontade da inveja, que está agora calada na esperança de que o Liverpool destroce, amanhã, o Manchester United, e Cristiano volte a estar ‘acabado’ e a ser o ‘problema da equipa. Como é dura a vidinha da gente pequena…
Parágrafo final para Sandro Cruz, jogador do Benfica B, a quem saúdo e dou uma certeza: a barbárie não passará.
Outra vez segunda-feira, Record, 18abr22