Acabou mais uma série de “Love on top” e logo começou outra, como uma espécie de peste que nunca deixa de contaminar. Esgotado de momento o filão da reality-boçalidade, a TVI estica a vida do moribundo até que a rentrée permita que a inesgotável criatividade humana tire da cartola novo coelho para audiências pouco exigentes.
Mas a estação de Queluz não exibe só a face oculta da Lua na programação e acertou em cheio quando apostou no conceito “MasterChef”, que tem, à partida, duas vantagens relevantes: descobre talentos em vez de fabricar imbecis e sobrepõe a pedagogia do trabalho e do esforço, individual e coletivo, ao apelo à parasitagem.
Os números não mentem. No último domingo, o “MasterChef Júnior” alcançou quase 1,3 milhões de telespectadores – um resultado que se mantém constante desde o início do programa, há dois meses – enquanto, no sábado, a gala de enterro do “Love2” não passara dos 700 mil e o arranque do “Love3” nem os 600 mil espectadores atingira.
Será que o grande público elevou o seu nível de exigência? É verdade que essa esperança jamais morre e vai recebendo aqui e ali pequenos balões de oxigénio, mas a questão não se resolve com um estalar de dedos, é uma tarefa para gerações.
Antena paranoica, Correio da Manhã, 30JUL16
Um amor como a peste
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