Ao cabo de relativos avanços
e muitos recuos, eis que o Governo dá, enfim, o esperado passo atrás: a RTP não
será privatizada, mas apenas “reestruturada”, um filme antigo.
Nos últimos 20 anos, ou
talvez há mais, centenas de trabalhadores rescindiram “amigavelmente” os seus
contratos com a televisão pública, pelo que parece inacreditável que haja agora
mais 600 (!) para mandar embora.
A explicação é simples: o
contribuinte paga do seu bolso as indemnizações e os partidos que passam pelo
poder forçam de seguida os comissários políticos, essas lapas que resistem no
aparelho da RTP, a encontrar justificações para admitir a sua gente, composta
por assistentes de campanha (ex-coladores de cartazes) reciclados e pouco ou
nada qualificados, ou por primas e vizinhas, que são sempre simpáticas e
muitas.
Daí que seja, em minha
opinião, puro exercício de hipocrisia dizer que se pretende entregar ao rigor
da gestão privada o que, em boa verdade, se quer manter público. Se a RTP fosse
privatizada, onde se arranjariam depois empregos para a malta amiga?
Antena paranóica, publicado na edição impressa do CM de 2 fevereiro 2013