Os jornalistas tomam por
vezes a nuvem por Juno e dão aos pormenores a importância apenas devida ao
essencial. Esta semana, canais de TV e jornais salientaram o êxito do Banco
Alimentar, uma nova recolha de géneros que a grandeza dos portugueses fez, em tempo
de crise, com que atingisse quase as 3 mil toneladas.
Mas à boa notícia não faltou
quem acrescentasse “apesar das declarações de Isabel Jonet”, recordando, a
despropósito, uma entrevista em que a “alma” do BA afirmou que precisávamos de
mudar de hábitos e de comer menos bifes – uma simples evidência. A frase,
retirada do contexto, levou a sua autora a ser alvo, nas redes sociais, dos
inimputáveis especializados no insulto e na descarga de frustrações sobre quem
realize algo acima da mediania.
Haver jornalistas convencidos
de que a maioria silenciosa da generosidade se deixaria influenciar pelos
impropérios de meia dúzia de anormais e impediria o Banco Alimentar de prestar
o seu serviço de excelência é, no mínimo, preocupante. Se não conhecemos o país
real, andamos cá a fazer o quê?
Antena paranóica, crónica publicada na edição impressa do CM de 8 dezembro 2012