Não faltam, por esta altura, elogios a André Villas-Boas, elogios que são, seguramente, todos merecidos. Pela minha parte, a única coisa que lhe desejo é que, se um dia as coisas não lhe correrem bem, não estranhe, então, o que os autores de tanta louvaminha dirão dele.
Mais do que os feitos desportivos, de facto notáveis, o que verdadeiramente me tem espantado na postura do técnico portista é a sua imunidade – durará? – à vaidade e à petulância. O modo como ainda hoje, já com três títulos no bolso, suporta estoicamente as perguntas mais absurdas, é um sinal de que se mantém fiel à sua simplicidade e ao respeito que deve aos outros.
Mas anteontem, Villas-Boas surpreendeu-me ainda mais, ao dedicar, num gesto de rara humildade, os títulos a Guardiola, Mourinho e Bobby Robson, o mestre que tantos esqueceram e cuja memória permanece consigo. Bonito!
Estão a ver aquele médico do FC Porto, com um penteado igual ao meu, que está sempre aos abraços ao treinador? Pois peço-lhe respeitosamente que, logo que o apanhe a jeito, dê mais um abraço ao André, esse cá pelo rapaz. Ele merece.
Passe curto, publicado na edição impressa de Record de 20 maio 2011