Em quatro dias, o Manchester United perdeu duas partidas em casa, ambas por 1-0: com o West Ham, que o afastou da Taça da Liga, e com o Aston Villa. Pareciam duelos fáceis, tendo em conta o que aí vem, já que após a paragem das seleções, entre 16 de outubro e 6 de novembro, os ‘red devils’ terão seis (!) jogos terríveis, contra Leicester, Liverpool, Tottenham e Manchester City, para a Premier, e Atalanta, duas vezes, para a Liga dos Campeões.
Somados à inesperada quebra aos pés do Young Boys, os dois ‘apagões’ da semana passada despejaram água fria, gelada mesmo, sobre o fogo intenso ateado pela chegada triunfal de Cristiano Ronaldo. Tanto na quarta-feira como no sábado, a toada apática que o United imprimiu ao seu jogo desapontou os adeptos, que estarão sobre brasas no duplo compromisso desta semana, curiosamente de novo em Old Trafford: na quarta, com o Villarreal – que acaba de empatar no Santiago Bernabéu… – e no sábado, frente ao Everton. A questão que se põe é se Ole Gunnar Solskjær, que dirige o United desde 2018 sem ter logrado qualquer título – os últimos três tiveram a assinatura de José Mourinho – estará ainda ao leme da equipa nas três semanas ‘demoníacas’ que referi.
Com a contratação de Varane, Sancho e Cristiano, o MU tem finalmente um plantel à altura dos seus pergaminhos. Mas esse grupo de predestinados precisa de um treinador de nível superior, ótimo também como gestor de recursos humanos. Será Solskjær esse timoneiro? Dá a ideia que não.
Se o United tivesse empatado o desafio com o Aston Villa, estaria hoje no topo da Premier, a par do Liverpool. O ponto perdido no sábado tanto pode custar o título ou o apuramento para a Champions, como não servir para nada. Mas a sua perda resulta muito da falta de liderança do técnico norueguês.
Não está em causa o ‘direito’ de Bruno Fernandes continuar a ser o marcador dos penáltis do MU, a decisão tomada antes do jogo foi acertada. Nem se podia pedir ao médio português a opção – lógica e inteligente, só que ‘unilateral’ – de entregar a bola a Cristiano, como se ele, Bruno, fosse um jogador menor, cujas pernas tremessem nos momentos decisivos.
Mas de novo a baquear em casa e com a partida nos derradeiros minutos, essa era a altura para o comandante se afirmar. E perante a enorme pressão e a probabilidade ‘caída do céu’ de evitar a derrota, cabia a Ole a qualidade – se a tivesse – do golpe de asa de entregar a tentativa de conversão do penálti ao maior especialista que estava em campo, não por acaso um dos melhores do Mundo: Cristiano Ronaldo, claro.
Não o tendo feito, o destino se encarregou do resto. Emiliano Martínez ‘desconcentrou’ Bruno e este – ou o fantasma que dele se apoderou – rematou destrambelhadamente para as nuvens. A culpa pertence, inteirinha, a Solskjær. Porque falhou quando não podia falhar.
Parágrafo final para a repentina falta de inspiração dos maiores goleadores da Europa. Nem Cristiano, nem Lewandowski, nem Lukaku, nem Mbappé, nem Benzema… Ficaram todos em branco!
Outra vez segunda-feira, Record, 27set21