Alexandre Pais

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Crónicas da Sabado: rendido à evidência – 1

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1. Rara é a crónica em que o tema da semana não me obriga a abrir o armário das recordações. Não é que me importe, afinal o tempo decorreu e, já que envelheci, pois que a memória me ajude a enfrentar problemas, encontrar respostas e compreender melhor a natureza humana. Sobre inquisições poderia escrever aqui umas dezenas de textos, baseando-me apenas no que vivi, como torturado ou como...

Crónicas da Sábado: o que provoca as aftas?

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Agora que Lance Armstrong assumiu a responsabilidade por aquela que é, provavelmente, a mais gigantesca fraude do desporto mundial, e que provocou, isso com toda a certeza, uma deceção que deixou milhões de adeptos do ciclismo em estado de choque, recordo um episódio que não passa hoje de uma história para crianças. Havia, anos atrás, na Volta a Portugal, um corredor, português e hipocondríaco...

Crónicas da Sábado: Deus chega-me

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Cresci num tempo em que a Igreja Católica dominava o Estado e estendia a sua influência por grande parte da sociedade portuguesa. Ainda bastante pequeno, ia com os meus pais à celebração dominical, ora na Basílica da Estrela, onde me haviam batizado, ora na igreja do Santo Condestável, na altura a cheirar a novo, no bairro lisboeta de Campo de Ourique. Aos 8 anos, ensinaram-me a ajudar à missa e...

Crónicas da Sábado: o paralelipípedo

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Da janela de minha casa, no último andar do prédio do Rossio onde se encontra a histórica pastelaria Suíça, eu tinha uma vista privilegiada de um estranho Convento do Carmo. Sobre ele, uma pala gigantesca, metálica e paralelipipédica, era suportada por quatro enormes gruas. Admirava-me o facto de os esguios guindastes aguentarem um peso tão brutal e pensava no que seria se um deles soçobrasse...

Crónicas da Sábado: um rapazinho estúpido

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Tenho procurado ao longo da vida recuperar o tempo perdido em criança. Porque embora tivesse sido, então, um privilegiado em relação à maioria dos rapazes da minha idade, não pude naturalmente ter acesso aos brinquedos que ainda estavam por inventar. Vivi a infância no tempo dos carrinhos de madeira, pelo que colecionei mais tarde, já a entrar na adolescência, as miniaturas dos modelos que sempre...

Crónicas da Sábado: não são normais

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Para os leitores que não sabem quem foi José Maria Pedroto, eu explico. Era médio do Belenenses, em 1952, quando o FC Porto pagou por ele 500 contos, a mais cara transferência do futebol português até à altura. Depois de pendurar as botas, passou a treinador e depressa se transformou no que já fora como jogador: um profissional de top. Senhor de uma inteligência superior e adiantado no tempo –...

Crónicas da Sábado: não são humanos

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Os escritos nas portas das casas-de-banho são, talvez, o mais antigo sinal de disfunção social de que me recordo. Interroguei-me sempre sobre o que fará com que certa gente se entregue a esse trabalho sujo, mas conforme fui conhecendo as pessoas compreendi o poder das frustrações. E a atração pelo proibido, que leva o ser humano (?) a encontrar-se com o que verdadeiramente é quando a solidão lhe...

Crónicas da Sábado: da fama de assédio não se livram

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Esta história do assédio tem muito que se lhe diga e estará sempre dependente das pessoas e das circunstâncias, claro, mas também de quem conta o conto, já que, normalmente, a tendência manda acrescentar um ponto. Desde que ganhei consciência da minha fragilidade, um pouco tarde, infelizmente, para mim e para os que tiveram de me aturar, não só não guardo recordação de ter assediado alguém, como...

Crónicas da Sábado: Isabel Jonet e o elefante da gula

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De Isabel Jonet só conheço, e por ler e ouvir dizer, o seu trabalho à frente do Banco Alimentar. Chega para a admirar, até porque sofro do mal nacional do egoísmo e terei de aprender a olhar menos para o meu umbigo. A verdade é que sei bem o que é a miséria, pois frequentei o primeiro ciclo escolar, há mais de meio século, na Beira Alta, e fiquei marcado pelo que vi. Numa turma de vinte e tal...

Crónicas da Sábado: absurda é a realidade

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Ficaram famosas muitas das reportagens de faz de conta que o semanário “Tal&Qual” publicou ao longo de quase toda a sua já encerrada história. Desde o deputado Manuel Catarino, tranquilamente sentado no hemiciclo em S. Bento, até à entrada de uma equipa de técnicos de ar condicionado no Ministério dos Negócios Estrangeiros, para provar que a segurança do ministro Jaime Gama era uma treta. E...

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