O estádio de Aveiro parecia o da Luz: o Benfica atuou em casa. Mas faltava um quarto de hora para o final da partida e já as bancadas, antes repletas, apresentavam grandes clareiras. Os benfiquistas andam desanimados, desiludidos com o mau início de temporada da sua equipa.
Não é nada que não se esperasse. Quando parte um treinador carismático e ao mesmo tempo se altera de forma tão drástica um onze – e uma filosofia de abordagem ao jogo – que demorou seis anos a construir, sabe-se que terá de haver consequências. E aí estão elas.
Rui Vitória não tem culpa. Nem do seu discurso redutor, de elogios e agradecimentos aos jogadores e ao público, que adiantam zero, nem da pressão que uma velha raposa lhe coloca do outro lado da Segunda Circular, e em cuja teia se deixou enredar – não se consegue mudar o ADN das pessoas. A sua competência é inquestionável, pode é não ser o homem certo para este tempo do Benfica, só o futuro o dirá.
Mas tanto no triunfo do Arouca, como no empate do Paços em Alvalade, temos de ver a outra parte: os adversários também pensam os jogos, montam estratégias e perseguem objetivos. Com o Belenenses a começar bem a época, o que se pode dizer é que não há como Rui Pedro Soares para escolher treinadores. Os últimos, antes de Sá Pinto, mostraram, ontem e no sábado, a sua capacidade. Lito Vidigal e Jorge Simão, sem a pressão de terem de ganhar para o Mundo não desabar sobre eles, são mais do que técnicos de futebol, são mestres da ilusão, criadores de desgostos.
Canto direto, Record, 24AGO15
Vidigal e Simão: criadores de desgostos
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