Sou um daqueles cavernícolas que resistem ao vendaval de asneiras dos árbitros e os defendem. Talvez porque venho do tempo dos pançudos de apito na boca, que eram insultados desde a entrada em campo até ao regresso a casa.
Estava ontem a ver a primeira parte do Boavista-Académica, em que a cada minuto jogadores faziam faltas sobre outros que se rebolavam no chão, fingindo-se magoados – agora, como sabemos, qualquer toque do adversário no pescoço ou no peito, faz com que se agarrem à cara, simulando uma agressão – e pensava nas dificuldades que o sr. Luís Godinho estaria a suportar. E saltava-me à memória a velha ideia de mestre Pedroto – que nos últimos anos aqui recordei mil vezes – de que quem atura o que os árbitros aturam não pode bater bem da cabeça.
Reparem que sentia pena do homem, mesmo após ter visto, no sábado, a calamitosa atuação do sr. João Pinheiro – o penálti e o livre direto que deram nos golos do Moreirense resultaram de faltas que não existiram. E isso só não derrotou o Belenenses, e a verdade desportiva, porque com Julio Velázquez jogamos sempre ao ataque e, desta feita, lá se resolveu a coisa.
O treinador azul revoltou-se e foi expulso, mas precisa de se acalmar. No seu país, as arbitragens são ainda piores que em Portugal, e com esse comportamento só prejudica a equipa. Com honrosas exceções, os apitadores constituem uma máfiazita. Não uma associação de malfeitores, apenas um grupo de pessoas sérias que esconde uma caterva de incompetentes. Sim, trata-se de incompetência e nada mais.
Canto direto, Record, 15FEV16
Uma máfia no apito
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