Alexandre Pais

uma dupla de Andreas dá cabo da Juventus

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Mais uma frouxa exibição e novo tropeção da Juventus, que tem o apuramento para a Champions em risco, mais um jogo sem marcar de Cristiano Ronaldo, que só não vê a liderança de melhor marcador da Serie A em perigo porque Lukaku também atravessa um período de seca.

Adensa-se, assim, o mistério quanto ao dia seguinte da carreira de Cristiano. Caída a eventualidade do retorno ao Real Madrid, o último exercício de futurologia aponta o regresso de CR7 a Manchester, no próximo verão. Pelo meio, sumiram-se as almas, um bocadinho ridículas valha a verdade, que sonhavam vê-lo em Alvalade sem terem em conta o que Cristiano hoje é: uma personalidade global. As receitas que gera precisam do palco de um dos grandes campeonatos europeus e a despesa a que o seu contributo obriga não se compadece com as capacidades financeiras de um clube português – qualquer que ele seja.

Por muito que gostasse de uma das três hipóteses de Cristiano voltar a “casa” – Madrid, Manchester ou Lisboa – não acredito que o jogador deixe Turim. É que o desempenho da Juventus tem sido tão mau que o capitão da Seleção não quererá nem quebrar o seu contrato, nem abandonar o clube sem honra, nem glória.

Contra esta minha previsão, no entanto, está a desgraçada gestão futebolística dos Andreas, com o Agnelli, agora mais desgastado pelo “flop” da Superliga, a insistir no erro de “casting” do homónimo Pirlo, tão genial como jogador como um desastre no papel de treinador. A continuidade do duo perdedor, essa sim, poderá fazer com que Cristiano queira mudar de ares – apesar de preferir ficar para não ter de sair pela porta pequena.

Podemos dizer o que quisermos, o que é e o que não é. Que o Porro não recuperou a forma que o levou à seleção espanhola, que o João Mário joga devagar ou que o Palhinha não tem, na fase de construção, a qualidade que demonstra quando é preciso defender. Certo é que a equipa leonina está um bloco – estratégica, física e mentalmente. Só um grupo muito solidário, que sabe o que faz e que mete a pressão no bolso, consegue equilibrar primeiro uma partida em que praticamente começou com dez e criar depois a oportunidade de desferir o golpe fatal. Talvez aconteça, mas não estou a ver como poderá o FC Porto vir a ultrapassar este Sporting.

Ah, e já agora: também não estou a ver o Artur Soares Dias a expulsar o Pepe aos 18 minutos.

Sinto-me em pulgas para saber que castigo será aplicado a Paulo Vítor pela cobarde cabeçada a Bouldini. Irá o guarda-redes do Chaves pagar pela quase impunidade de que beneficiam protagonistas bem mais responsáveis pela onda de indisciplina e arruaça que varre o futebol português?

Derradeiro parágrafo para José Mourinho, que deixou o Tottenham cinco dias antes da disputa da final da Taça da Liga e de mais um confronto com Pep Guardiola. Ou se tratou de um ato perverso do líder dos “spurs” na escolha do “timing” da rescisão ou foi o próprio Mou que não quis enfrentar a forte probabilidade de insucesso. Tenho pena porque se havia treinador capaz, nas atuais circunstâncias, de enganar Guardiola, era Mourinho.

Outra vez segunda-feira, Record, 26abr21

Por Alexandre Pais
Alexandre Pais

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