Está a terminar um ano terrível para os portugueses. Um ano em que nem a emoção que o futebol traz à nossa vida – à vida dos que amam a mais popular modalidade desportiva do Planeta – compensou a brutal amplitude das dificuldades por que passamos. Mas foi um lenitivo, será sempre, creio eu, um amaciador da dureza dos problemas.
Foi um bom ano para o FC Porto, cujos dirigentes conseguiram resolver a magna questão da substituição de um técnico arrivista mas vencedor, apostando no “low profile” de Vítor Pereira e tendo a paciência – que sempre escasseia nos impreparados – para suportar aqueles dias difíceis em que a equipa parecia ir desintegrar-se. A lucidez da estrutura do futebol profissional suportou o treinador e levou-o à vitória na Liga e na Supertaça.
Não foi um mau ano para o Benfica, apesar de ter conquistado apenas a Taça da Liga. Mesmo falhando os outros objetivos, a maturidade e a indiscutível capacidade de Jorge Jesus permitiram manter o equilíbrio do plantel e a qualidade exibicional da equipa. Isso fez com que o FC Porto não descolasse no campeonato da presente época, que os níveis psicológicos dos jogadores encarnados não baixassem e que a confiança dos adeptos não esmorecesse.
O ano de 2012 correu mal, sim, ao Sporting, com Godinho Lopes a não conseguir inverter, pese toda a generosidade e determinação, a complexa situação que herdou e a fazer apostas que vieram a revelar-se erradas, aprofundando com isso as crises: a de resultados e a financeira. Talvez o maior erro – e são fáceis estes prognósticos no final do jogo – tenha sido a demissão de Domingos Paciência, cujo afastamento destroçou de vez uma equipa sem referências.
Também a Seleção, em fase de renovação, falhou na motivação que nos vinha provocando, mas aí temos a quase certeza de que Paulo Bento reporá o comboio nos carris. Mas isso já é futuro, o presente é 2012 e o melhor que podemos dizer é ainda bem que chega ao fim. Uff!… que venha de lá 2013.
Canto direto, publicado na edição impressa de Record de 29 dezembro 2012