Não morro de amores por Alberto Contador, sem que possa explicar porquê. Talvez porque nem todos gostemos de amarelo, de batata doce ou de férias na neve.
Sou, por isso, insuspeito ao manifestar a minha surpresa pelo castigo de dois anos de suspensão aplicado ao ciclista, com perda do Tour de 2010 e do Giro do ano passado.
Se o douto tribunal, o TAS, tivesse dado como provada a batota, enfim, paciência, o espanhol que tivesse feito jogo limpo. Mas não, a conclusão é de que o doping é apenas a “hipótese mais provável”, sendo a mesma, ainda assim, “remota”. Devem estar a brincar.
Surpreendente é ainda a anulação do triunfo na Volta à França, sem que, em simultâneo, tenham sido contados para a aplicação da pena os dias em que Contador participou na prova. Qual é então o efeito retroativo da suspensão?
Se a credibilidade do ciclismo já estava moribunda, esta louca decisão de um juízo superior, supostamente formado por uma casta de entendidos, veio ajeitar o corpo no caixão. Uma desgraça.
Sprint curto, publicado na edição impressa do Record de 8 fevereiro 2012