Sérgio Conceição e Lito Vidigal: dois casos diferentes

Sérgio Conceição permanece igual ao que sempre foi: um showman. Já era espectacular como jogador, continua extrovertido e irreverente no papel de treinador. E esta semana tirou mais um coelho da cartola ao decretar um blackout, ao que parece sem dar conhecimento aos dirigentes da SAD arsenalista. Não o fez, seguramente, para silenciar António Salvador, que não é pessoa de se sentar no banco nem de receber indicações dos empregados. Mas por muito longe que esteja dessas minudências, o presidente ficou a saber que a época de altos e baixos do Sp. Braga, agora a 15 pontos do líder e a 5 do terceiro lugar – o último que poderá dar acesso à Champions – não se deve à irregularidade da equipa ou aos erros de quem a comanda. Deve-se, sim, segundo Conceição, ao facto de não ter ninguém que o defenda, nem à sua equipa técnica, quando as críticas chovem sobre o trabalho produzido. Tenho simpatia por Sérgio Conceição e temo que depois disto – o blackout, o Tanaka a fazer de Kelvin com o golo da sua vida e mais um excessozinho do treinador antes do fim da partida – Salvador se prepare para lhe aplicar o blackout definitivo.
Se o caso de Sérgio Conceição não surpreende, já Lito Vidigal, curiosamente a derradeira vítima do técnico bracarense e um homem que nos habituámos a ver como a personificação do bom senso, foi este fim de semana contra o seu ADN ao pendurar na praça pública Matt Jones e João Meira. Após o 7-1 da Pedreira, uma calamidade especial para quem assenta o sistema de jogo na solidez defensiva, o técnico do Belenenses entendeu que Jones e Meira foram os culpados pela goleada e retirou-os da equipa. Se o que vem nos livros ainda estiver certo, o general Vidigal pagará caro – como se terá começado a ver no Dragão – por ter cruelmente exposto à chuva dois dos seus mais fiáveis e fiéis soldados.
Canto direto, Record, 12JAN15