Sector dos media perdeu 500 efectivos entre 2006 e 2010
Um estudo do Fórum de Jornalistas sobre os resultados dos grupos de media em Portugal revelou hoje que o sector cortou cerca de 500 trabalhadores entre 2006 e 2010, com a larga maioria na imprensa. O universo analisado inclui os principais actores do panorama mediático e mostra que houve uma subida de 5,5 por cento da receita por trabalhador nas empresas de imprensa, mas destaca que as remunerações dos conselhos de administração ou órgãos sociais cresceram 13 por cento nos quatro anos estudados. Só na imprensa houve uma redução de 452 colaboradores entre 2006 e 2010, um número que salta para os 500 com o acrescento das televisões e rádios. As receitas de RTP, SIC e TVI subiram 1,8 por cento e as das rádios 1,7, enquanto as da imprensa caíram 9,5 por cento, arrastadas por uma quebra de 18 por cento na publicidade, que representou um decréscimo de 35 milhões de euros.
“Em 2010, metade das 12 empresas analisadas apresentava prejuízo”, acrescentam os autores do estudo, assinado pelos jornalistas Ana Suspiro, Catarina Almeida Pereira e Bruno Faria Lopes, membros fundadores do Fórum de Jornalistas, auto definido como “um grupo de jornalistas, pensado para jornalistas e profissionais da comunicação, mas que vive na esperança que os leitores, ouvintes e espectadores se interessem pelos complexos desafios que são, afinal, de interesse colectivo”. Os 10 maiores anunciantes em comunicação social concentravam, em 2010, 24,5 por cento do total do mercado publicitário, revelam ainda os dados do Fórum de Jornalistas, enquanto o Estado apresentava a concentração de 31 por cento dos empregos no sector através da RTP e da Lusa. A apresentação dos dados compilados afirma que a “imprensa desportiva resiste”, com os resultados de A Bola e de O Jogo a terem aumentado entre 2009 e 2010 e a Edisport, que detém o Record, com dividendos em 2010 de 6,59 milhões de euros.
O estudo abre com uma citação do relatório de gestão da Rádio Renascença de 2010: “Não há outro modo de o dizer: 2010 foi um ano crítico. De facto, sobre as pessoas e as empresas abateu-se, com clareza ineludível, uma crise económico-financeira de rara violência”. (Lusa)