Alexandre Pais

Ruas cheias ou ruas desertas?

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Para prestar assistência domiciliária a um familiar, não posso cumprir, totalmente, o dever de ficar em casa. E no passado domingo lá fui até Oeiras, por uma A5 de trânsito muito reduzido. Já à beira mar, estranhei que o paredão não estivesse repleto, havendo mais pessoas a correr de forma isolada do que famílias em caminhadas. Na praia quase ninguém, nas ruas poucos carros e apenas junto aos prédios se viam moradores em passeio.

De volta a Lisboa, deparei-me com situação idêntica: maior movimento só perto de lojas de comida. Fiquei com a boa sensação de que a maioria dos cidadãos estava a seguir as determinações e foi ao fixar-me na televisão que me apercebi de outro filme em exibição. Com imagens de gente ao monte por todo o lado, em vários canais expunha-se a tese da culpa dos portugueses – que também existe – pelo avanço da epidemia.

Trata-se de um truque fácil, afinal, basta pegar em duas ou três exceções e apresentá-las como regra. Felizmente, a liberdade de informação permite opor a verdade às conveniências. Sei que sou parcial, mas não resisto a apontar a única estação em que se mostrou a real quebra de movimentação de pessoas e de veículos na área da Grande Lisboa: a CMTV, nem mais.

Antena paranoica, Correio da Manhã, 23jan21

Por Alexandre Pais
Alexandre Pais

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