Alexandre Pais

Pessoas ‘normais’, essa praga

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Se a polícia obriga a sair da água elementos de uma etnia que se banhavam, totalmente vestidos, numa piscina municipal – como há dias sucedeu em Santarém – logo surge um coro de indignados a acusar a PSP de atentar contra os direitos das minorias. Até dá a ideia que somos campeões na luta pela integração e não uma caixa de ressonância de ataque permanente aos que têm por missão fazer cumprir a lei e defender a liberdade dos não ‘diferentes’ – essa praga.

Esta semana, fiquei a saber por uma jurista portuguesa que na Dinamarca há bibliotecas onde, e passo a citar, se “pode pedir uma pessoa emprestada em vez de um livro, para ouvir a sua história de vida por 30 minutos. O objetivo é combater o preconceito. Cada pessoa tem um título: ‘desempregado’, ‘refugiado’, ‘bipolar’ e assim por diante – mas ouvindo a sua história percebe-se o quanto não deveria julgar-se um livro pela capa”. O projeto inovador está já ativo em mais de 50 países e chama-se ‘A biblioteca humana’.

Nós por cá é mais a boçalidade dos insultos aos agentes, no caso por retirarem de um espaço público, repleto de utentes ‘normais’ e indefesos, gente de uma minoria que não respeita os outros e que recorre ao terrorismo social. Tão atrasados que estamos.

Antena paranoica (ano 12), Correio da Manhã, 27ago22

Por Alexandre Pais
Alexandre Pais

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