Chega ao fim a era de Passos Coelho ao leme do PSD. Dois terços do País, comigo a bordo, veem-no partir com alívio, tal o peso da austeridade que o seu governo impôs e a bonança em que se vive no limbo da geringonça. Já ninguém se recorda da situação de pré-bancarrota, nem da coragem de um homem que serviu num momento de desespero. Vai-se embora? Boa viagem.
Como ando um bocado desatento – dizia Jorge Luis Borges que “o que for importante eu vou saber” – se calhar Passos já tratou do futuro e irá, agora com o emblema de “bom aluno” na lapela, ganhar a vida algures. Mas não sei porquê, não consigo ver esse filme.
Português comum, Passos continua a morar em Massamá, a gostar de passar férias na Manta Rota e a insistir no discurso amargo e catastrofista que as sondagens mostram estar errado sem que ele se rale. Vejo-o mais, por isso, discreto, na última fila da bancada parlamentar, e em intervenções cirúrgicas que alimentem o destino providencial que julga ter. Se assim for, a utilização da televisão será decisiva, tanto mais que o PSD ameaça transformar-se num “saco de gatos” e precisará em breve de quem o resgate. Sim, ainda ouviremos falar muito de Passos Coelho e da sua determinação de ferro.
Antena paranoica, Correio da Manhã, 17FEV18
Passos não desistirá
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