Alexandre Pais

O Estoril a ganhar ao FC Porto ou talvez não

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Benfiquistas e sportinguistas viviam, entusiasmados, o estado de graça do Estoril desde o interrompido jogo com o FC Porto. É que se a partida se tivesse completado nesse dia, os canarinhos teriam, no segundo tempo, muito provavelmente, uma quebra física de que se poderiam aproveitar os visitantes para virar o marcador. Agora, entrando frescos para os 45 minutos em falta, as dificuldades dos azuis e brancos serão talvez maiores. Ainda por cima, após esse 1-0 ao intervalo, as últimas jornadas trouxeram resultados positivos ao Estoril: três vitórias consecutivas, uma das quais sobre o Sporting. Mas o futebol é traiçoeiro e o Belenenses foi à Amoreira, no sábado, não só triunfar por 2-0 – não vencia há quatro meses! – como desperdiçar, por clara falta de jeito, oportunidades para marcar mais três ou quatro golos. É com este Estoril que tantos contam para travar o FC Porto na próxima quarta-feira? O mesmo FC Porto que ontem mostrou, no Dragão, ter virado a página do seu desastre europeu? Tudo pode acontecer, é verdade, mas que boa parte da esperança de águias e leões se foi, não é menos certo.
Há muito que na comunicação social se insiste no absurdo de classificar como “amigáveis” os jogos particulares, como se amigáveis não fossem todos os jogos. Mais recentemente, os narradores das televisões importaram do basquetebol as “faltas ofensivas”, que não existem no futebol, e que eles consideram ser as praticadas pelos avançados. E neste fim de semana ouvi uma nova criação, o “livre ofensivo”, certamente uma forma de não se fazer confusão com os livres… defensivos. Enfim, ouço na rádio, há dias, um anúncio em que é utilizado o erro “icÓnes”, pelo que não sei como ainda me admiro do resto. Vale tudo, ponto.
Se ganhar na quarta-feira o desafio em atraso com o Leganés, o Real Madrid ficará a 7 pontos do Atlético e a 14 do Barça. Perdida a época a nível interno, resta aos madridistas a Champions, mas Zidane, que poupou ontem vários jogadores, manteve Marcelo no onze depois do tremendo esforço que o defesa fez na partida contra o PSG. O resultado foi o brasileiro ficar agarrado à perna, à meia hora, e estar em dúvida para a segunda mão, em Paris, dentro de duas semanas. Às vezes, vale mais ter bom senso do que saber muito de futebol.
Um jovem criminoso norte-americano assassinou a tiro, na semana passada, 17 alunos de uma escola secundária da Florida. E num vídeo entretanto divulgado vê-se o anormal a treinar a pontaria, num terraço e de pistola na mão, usando um boné da propaganda de Trump – “Make America great again”. Em todo o Mundo, e também entre nós, os populistas, em seu proveito, agitam as massas, excitam os energúmenos e trazem à tona as frustrações dos cidadãos comuns, desprezando o momento, que sempre chega, em que já não conseguem controlar a situação e os crimes acontecem. Temos de ser pacientes e aguardar o tempo em que essa demagogia barata seja ela própria vítima do ódio irracional que semeou.
Outra vez segunda-feira, Record, 19FEV18

Por Alexandre Pais
Alexandre Pais

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