Alexandre Pais

Os dados que provam a liderança do "Jornal de Negócios"

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A publicação dos dados da APCT de 2010, esta semana, revelou dados que mostram que o Negócios foi prejudicado ao longo de pelo menos um ano. Esse estranho facto precipitou a publicação de dois textos, um no Negócios, outro no Diário Económico. De um lado estão factos de uma auditoria, do outro lado estão acusações de carácter. O carácter não se descreve, mostra-se. Por isso, vamos aos factos.

EDIÇÃO IMPRESSA: NEGÓCIOS LÍDER EM 2009

No decurso das suas actividades normais, a APCT decidiu fazer uma auditoria de rotina à circulação de 2009 do Jornal de Negócios e do Diário Económico. Essa auditoria foi realizada por um auditor externo, a BDO. Resultado das auditorias: o Jornal de Negócios comprovou todos os seus dados, o Diário Económico não.

Este resultado da auditoria só foi conhecido esta semana e surpreendeu tudo e todos – incluindo o Negócios. 5.112 exemplares que o Diário Económico tinha declarado como circulação paga para todos os dias do ano de 2009 não tinham prova documental. O diário foi obrigado a reclassificar esses dados como ofertas. Mais de um terço da circulação paga do Diário Económico afinal não o era.

Os dados oficiais são os seguintes:

Circulação paga 2009
 Antes da auditoria Depois da auditoria Variação
Diário Económico14.6239.511-5.112-35%
Jornal de Negócios9.6939.69300%
Fonte: APCT    


Sobre a auditoria ao Diário Económico, o auditor tornou públicas três reservas:

“- Nas vendas em bloco não está disponível informação sobre o ‘procedimento definido, estável e verificável utilizado e que garanta a entrega aos destinatários finais’ dos exemplares objecto de venda em bloco (conforme Regulamento da APCT).

– Vendas de Dezembro 2010 são previsionais.

– Não foram disponibilizados os registos contabilísticos relacionados com as contas correntes das entidades compradoras das vendas em bloco, que permitiriam confirmar o seu efectivo preço de venda.”

Todos estas dados, para os quais não encontro paralelo na história da APCT, foram tornados públicos esta semana. E provocaram a nossa perplexidade. Afinal, o Negócios tinha sido líder em 2009 também na edição impressa! Esperámos que o Diário Económico se explicasse, e perguntámos o que tinha sucedido. A explicação foi dada como sendo questão “administrativa” insignificante e, para nossa surpresa acrescida, o Diário Económico vangloriou-se do crescimento face ao ano em que tinha sido obrigado a “cortar” um terço da sua circulação paga.

A situação é grave. Um auditado chumbou numa auditoria, retirando a liderança a quem de direito a tinha conquistado. E isso tem implicações materiais, inclusive afectando a decisão de investidores publicitários. Além disso, os 5.112 exemplares circularam, o que faz aumentar a audiência, o que também tem o impacto nas mesmas decisões.

O Negócios repudiou este comportamento, que considerou de concorrência desleal.

EDIÇÃO ONLINE: NEGÓCIOS LÍDER EM TODOS OS CRITÉRIOS
Há uma percepção antiga no mercado de que o Jornal de Negócios é líder na Internet e o Diário Económico é líder na edição impressa. Essa percepção baseia-se em dados correctos e corresponde aos posicionamentos históricos das duas publicações. Mas não se perpetuou. Como expliquei, o Negócios foi líder na edição impressa em 2009 e o Diário Económico reclama que foi líder em 2010 na Internet. Foi?

Vamos de novo aos factos. O Negócios online sempre foi auditado, o Diário Económico começou a sê-lo só em Maio do ano passado. Só há pois dados comparáveis desde então. E há dois critérios auditados pela Marktest para as audiências online: páginas vistas e número de visitas.

O Negócios sempre foi líder em número de páginas vistas. O Económico foi, durante sete meses, líder em visitas. Em Dezembro já não o era de novo. Nem em Janeiro. Eis os dados auditados pela Marktest:

 VisitasPáginas vistas
 Negócios DENegóciosDE
Jan-11 4.322.275 3.769.511 15.512.581 11.688.458
Dez-103.656.9583.317.76814.624.14610.067.616
Nov-103.199.5873.776.12323.439.69111.701.777
Out-102.975.4053.980.56821.942.83212.700.223
Set-102.618.7563.221.90219.850.97610.794.376
Ago-102.299.7012.747.68416.242.8059.731.626
Jul-102.999.4003.151.15620.578.91112.409.895
Jun-103.038.7122.940.35921.019.85411.400.221
Mai-103.400.2443.776.26425.858.28214.309.115

O Negócios é hoje líder online em visitas e em páginas vistas.

A INVENÇÃO DE OUTRA AUDITORIA
Hoje, o Diário Económico escreve que o Negócios online foi obrigado a mudar páginas vistas “não resistindo a uma auditoria técnica da Marktest” em Dezembro de 2010. É falso. Não houve nenhuma auditoria técnica da Marktest em Dezembro de 2010 ao Negócios, como a própria Marktest nos confirmou esta manhã. O que é curioso é que precisamente nesse mês o Jornal de Negócios não só manteve a liderança em páginas vistas como voltou a ser líder também em número de visitas.

INOVAÇÃO EDITORIAL
No Negócios, o produto é a informação, as várias edições são apenas canais de distribuição. A paixão é o jornalismo, a liderança é apenas uma consequência bem-disposta. Temos hoje uma edição de WEB TV com milhares de visualizações diárias, reformulámos o conceito das conferências em Portugal com novos formatos, estamos desde a primeira hora no iPad e no mobile, temos dezenas de milhares de seguidores nas redes sociais.

Mas a tecnologia serve apenas a informação. E é a inovação editorial que serve os nossos propósitos. Com os resultados que se estão à vista. E que estão todos, e desde sempre, auditados.

Isto não é, embora pareça, uma guerra entre jornais ou entre os seus directores. Mas o Negócios é tão exigente consigo mesmo como é com os outros, incluindo com a concorrência. No fim desta triste semana, há um facto, um único facto, relevante: o Diário Económico chumbou numa auditoria independente, 35% da sua circulação paga não o era.

Estes são os factos. Sobre o carácter não escrevo aqui nem uma linha. Escrevo-as há anos, todos os dias.

É preciso saber perder, é preciso saber ganhar.

Vae victis.

Com os melhores cumprimentos,

Pedro Santos Guerreiro
Director do Jornal de Negócios

Por Alexandre Pais
Alexandre Pais

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