Há quatro anos, um dia depois da partida da minha filha mais velha, tive o privilégio – abusando da paciência dos leitores de “Record” – de poder evocar, numa crónica, os êxitos de desportista da Teresa: quatro títulos nacionais de basquetebol.
Recordei o facto ao ver, na última quarta-feira, a homenagem que Paulo Futre prestou ao seu pai – desaparecido há uma semana – no “Liga d’Ouro” da CMTV, a exemplo do que fizera já no “Record” e no Facebook, em textos dominados pelo orgulho e pela gratidão. Foi um tocante momento de televisão, que José Manuel Freitas acompanhou com a delicadeza e a discrição que, impondo-se nessas alturas, uns têm e outros não.
Atravessamos tempos de materialismo duro, em que alguns papás põem os filhos nas academias na esperança de que possam vir a assinar por eles um contrato de que sejam primeiros beneficiários e os torne protagonistas… Tudo ao contrário de Futre pai, que criou um génio exigindo-lhe o impossível para que atingisse o máximo e se remeteu ao quase anonimato – recusando até deixar a sua casa de sempre, no Montijo, quando podia ter um palácio.
Tratou-se de mais uma lição de vida, dada numa estação que em agosto voltou a bater todos os seus recordes, sinal único de aceitação e popularidade. Chapeau! – duplo, desta vez.
Antena paranoica, Correio da Manhã, 7set19
O tocante gesto de Paulo Futre
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