Alexandre Pais

O que será da nossa saúde mental?

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Estamos a dar em doidos. Depois de um dia inteiro de “bombardeio” com a “falta de oxigénio” no Amadora-Sintra, eis que Diana Chaves, no “Casa Feliz”, da SIC, pergunta à enfermeira Suse Antunes – acabada de sair do seu turno da noite na ala dos doentes críticos – como estavam os profissionais a lidar com o problema. E ficou estupefacta, ela e nós, quando a senhora explicou que foi trabalhar preocupada com as notícias que ouvira, mas que, afinal, as transferências de doentes se deviam, precisamente, a evitar que o oxigénio faltasse, já que o hospital tinha mais 400% (!) de doentes do que devia.

Não bastando a desgraça, ultrapassam-se os limites do racional. Como sucedeu também na noite eleitoral, com a doentia sobrevalorização da abstenção. A insistência nos 60,5% foi constante nos diversos canais, quando um espírito positivo permitiria fazer as contas de outro modo. É que sem o milhão e meio de emigrantes inscritos a martelo – votaram 27 mil… – houve, sim, 54,5% de abstenções em território nacional, apenas mais 1% do que aconteceu na reeleição de Cavaco Silva – um sucesso face às circunstâncias.

O que nos restará de saúde mental assim que estes trágicos dias não passem de uma amarga recordação?

Antena paranoica, Correio da Manhã, 30jan21

Por Alexandre Pais
Alexandre Pais

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