Alexandre Pais

O adeus de Ferreyra e o caso de Messi

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O Benfica cometeu o erro de contratar Facundo Ferreyra. Foi mais um, acontece a todos, é o preço do risco que corre quem gere um negócio. Mas feito o mal, há que procurar a melhor forma de o minimizar, reduzindo o prejuízo. Isso sucedeu agora: o argentino fez-se à vida e rescindiu o compromisso, poupando assim a SAD cerca de 5,5 milhões de euros.

Faltou essa boa prática a Bartomeu e à sua gente quando, em agosto, impediram Messi de abandonar Camp Nou. Desde logo porque sabiam que um jogador contrariado não rende e a má temporada do Barcelona não se pode dissociar do estado de espírito do seu capitão. A tonta decisão – a juntar à estúpida dispensa de Luis Suárez – não permitiu igualmente que Ronald Koeman “reconstruisse” a equipa sem o monstro. Depois, o esticar da corda foi um ato de gestão suicida na já ruinosa situação financeira do Barça, pois a estrela argentina teria sido facilmente vendida – não havia pandemia… – por uma verba a rondar os 120 milhões de euros e os catalães teriam ainda deixado de lhe pagar 138 milhões em honorários e prémios, ou seja, em números redondos o clube estaria hoje 250 milhões de euros… melhor.

Coisa pouca que não bastou, já que alguém da estrutura blaugrana terá resolvido divulgar o contrato de Messi, com o evidente objetivo de lograr o impossível: desacreditar um dos maiores futebolistas de sempre. É evidente que 555 milhões de euros em quatro anos é muito dinheiro, em particular se não tivermos em conta dois fatores. O primeiro é que 297 milhões desses 555, cerca de 53,5% (!), são receita do estado. O segundo é que cada euro que o jogador ganhou não saiu dos impostos dos espanhóis: foi, por um lado, justificado pelo negócio do futebol e, por outro, pagou por baixo o estratosférico contributo de Messi para aquela que foi uma das melhores equipas de todos os tempos. O resto já é história.

O plantel é vasto e Dybala estará quase de volta, mas a agenda da Juventus para este mês é terrível: sete jogos até dia 27 – os cinco iniciais em apenas duas semanas e contra adversários de peso. Amanhã, a Juventus joga em Milão com o Inter, para a Taça, no sábado recebe a Roma, a 9 defronta de novo o Inter, a 13 vai a Nápoles e a 17 estará no Dragão – “para descansar”, como diria Sérgio Conceição. Certo é que Pirlo continua com uma equipa fora de forma e precisa de jogar sempre na máxima força, o que será pouco realista. E Cristiano? Ou aguenta os cinco jogos e “aparece” ou a Juve terá todas as probabilidades de se afundar.

Irritados com derrotas sucessivas e objetivos falhados, energúmenos do Marselha invadiram, assaltaram e incendiaram instalações do clube, levando mesmo ao adiamento da partida com o Rennes. Entretanto, como se nada se passasse, André Villas-Boas faz declarações do tipo “não penso ficar depois de junho”, como se o Marselha quisesse mantê-lo no cargo! E se ainda não saiu é por ter uma cláusula de rescisão tão alta que, perdida a época, mais vale deixá-lo ficar até ao fim. Vá lá, desta vez, ao menos, não iremos ter a habitual palhaçada do “bateu com a porta”. E daí…

Não acredito que o Benfica perca esta noite em Alvalade – avancei com 1-1 no TotoRecord. Os encarnados têm tanto a perder que os seus jogadores vão ter de se esfarrapar todos. Pode é não chegar!

Em ano de Europeu, esperemos, e de qualificação para o Mundial é encorajador ver jogadores como Cédric, André Gomes, Adrien ou João Mário a renascerem das cinzas. Melhor ainda é olhar para o crescimento de André Silva e para a possibilidade de a Seleção voltar a ter o “9” que há muito tempo perdeu.

O último parágrafo vai para Abel Ferreira e para a conquista da Libertadores, só possível porque o Palmeiras – que não tem um plantel como o do Flamengo, é justo que se diga – apostou num treinador jovem, entusiasta, astuto, estudioso, determinado e com a estrelinha sem a qual não se vai longe no futebol, nem na vida. Chapeau!

Outra vez segunda-feira, Record, 1fev21 (versão integral)

Por Alexandre Pais
Alexandre Pais

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