Parece que não morreram 64 pessoas e que outras não ficaram terrivelmente feridas. Políticos e autoridades entregam-se ao jogo do passa culpas, com um quase total desrespeito pelo que mais interessa: a reparação às vítimas e a recuperação do património.
O Governo quer aprovar legislação para a floresta das décadas que hão de vir e as oposições agarram o vazio como boia de salvação – e reclamam demissões para atingir o Executivo, como lhes compete.
Se eu estivesse no lugar da ministra da Administração Interna também me defenderia. Se falhou a Proteção Civil, o SIRESP, a GNR ou a previsão meteorológica, se falharam os bombeiros ou mesmo as autarquias, não sabemos. Mas sabemos que na feira de vaidades em que se movem os responsáveis por tantas instituições falhou a coordenação do ataque ao fogo e da proteção das pessoas. A ministra terá pouco a ver com isso, desconfio até, pelo que me apercebo, que não tenha a ver com nada.
Mas os mortos de Pedrógão não são as armas e munições que a apatia dos militares que restam deixou roubar do paiol de Tancos. A sua memória e a dor dos sobrevivos merecem – e precisam – de alguém que exorcize as culpas coletivas. E se Constança Urbano de Sousa quiser que dentro de anos não a recordem apenas pelos piores motivos, terá de se demitir. Hoje seria melhor que amanhã.
O que quer Constança?
O