Em quase 600 (!) crónicas, desde 2010, o escriba já deve ter elogiado ‘O preço certo’ umas 300 vezes. Bem, talvez um pouco menos. Mas num mês em que o programa do ex-Gordo não tem parado de subir no ‘top 10’ das audiências diárias – foi de novo segundo, à frente das novelas do horário nobre, nos primeiros três dias da semana, com mais de um milhão de espectadores e o melhor ‘share’ do ano (25,4%), e na quinta-feira alcançou mesmo a liderança – não resisto a repetir-me.
É que o êxito do ponta de lança da RTP1 baseia-se num segredo desprezado por alguns iluminados autores de fiascos históricos da TV portuguesa: o segredo das coisas simples. Sempre me recordarei do megalómano lançamento do ‘Apanha se puderes’, concurso com que a TVI contava acabar com o domínio do Gordo no ante ‘prime time’. Estávamos em 2017 e Cristina Ferreira exibia ainda a aura vitoriosa que o tempo estraçalhou. E a pouco e pouco, em meses, o “Preço certo’ voltou, qual relógio suíço, a bater ao ritmo que a concorrência não foi capaz de acompanhar.
Hoje, nem a indigente qualidade e o falso moralismo do ‘Big Brother’ ou a zurrapa, indigna da SIC, em que se transformou o ‘Agricultor” podem minimizar a competência de Fernando Mendes e da sua gente. Não, as audiências nunca mentem.
Antena paranoica, Correio da Manhã, 20nov21