Alexandre Pais

O milagre das rosas no regaço de Bruno Lage

O

Goleada das antigas, das muito antigas, na Luz, para consagrar o conceito sábio que nos diz ser a mudança que surge com o final dos ciclos que faz avançar o Mundo. Com todo o respeito por Rui Vitória, foi a chamada de Bruno Lage ao comando da turma principal que permitiu o milagre das rosas que transformou o futebol do Benfica, sem ser preciso tapar o caminho aos bebés da Academia: ontem, Ferro foi titular – lamento, vale por dois Conti! – e Florentino entrou ainda a tempo de revelar a sua qualidade. E espera-se o dia em que Jota salte igualmente do regaço de Lage…
Mas seria injusto não reconhecer que o Nacional tem um dos conjuntos mais modestos do campeonato, que Costinha tarda em afirmar-se como treinador e que poucas equipas resistem a um golo aos 33 segundos…
E não, não faltam no Sporting apenas Rui Patrício, William Carvalho e Gelson Martins. Também Rafael Leão, que apontou o seu sétimo golo na Ligue 1, seria titular neste Sporting. Muito tem feito Keizer com Gudelj’s e Diaby’s…
Desde que saiu José Mourinho, sucedem-se os triunfos do Manchester United – que já é quarto na classificação da Premier! – o que confirma aquilo que vem nos livros: como não podem ser despedidos para que permaneça o técnico, os jogadores “fazem a cama” a qualquer treinador de que não gostem. A figura do líder egocêntrico, distante e disciplinador, é cada vez mais coisa do passado.
A propósito de Premier: o Manchester City é, de momento, a melhor equipa da Europa, e Bernardo Silva o jogador português em melhor forma. Uma forma absolutamente brutal.
No dérbi de Madrid, Griezmann marcou após uma falta de Correa sobre Vinicius que o VAR não considerou e o golo foi validado. Giménez derrubou Vinícius fora da área e o VAR disse que era dentro e penálti. Casemiro carregou Morata na área e o VAR decidiu não haver motivo para penálti. Tudo ao contrário. Só acertou o VAR no fora de jogo “milimétrico” de Morata, que anulou um grande golo ao ex-madridista e evitou, então, o empate do Atlético. Dou isto como exemplo da razoável qualidade do VAR português, que tantos insistem em arrasar ao sabor das suas conveniências. O comportamento de Sérgio Conceição, em particular, tem ultrapassado os limites do bom senso.
Nova proeza de Lito Vidigal: com duas vitórias consecutivas, o Boavista afastou-se da zona de descida. Aproveito para oferecer ao Bessa a fórmula secreta, aliás bem simples: deixar trabalhar o homem. É que se o chatearem, é certo que haverá problemas – e o pesadelo regressará.
“Não sejas Inácio” foi uma frase de circunstância aproveitada pelos “haters” na pocilga das redes sociais para denegrir a imagem de um profissional que atravessava momentos difíceis no manicómio de Alvalade. Mas nada como o tempo para separar a verdade da mentira. Com mais uma vitória à frente do Desportivo das Aves e a fuga aos lugares de despromoção, Augusto Inácio volta a poder ostentar o que quiseram esconder-lhe: campeão nacional, como jogador e como treinador, técnico competente e conhecedor profundo do futebol. Com os resultados que está a somar, o mote altera-se e passa a… que sejas Inácio!
O último parágrafo vai para Fernando Peres, executante magnífico e “magriço”, glória do Belenenses e do Sporting, com quem tive o prazer de privar, há meia dúzia de anos, na redação deste jornal, quando assistia connosco a jogos da Seleção, que comentava com conhecimento e lucidez. Era um “gentleman”, uma personalidade única. Saudades dele.
Outra vez segunda-feira, Record, 11fev19

Por Alexandre Pais
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