Alexandre Pais

O grande equívoco de Slimani

O

Islam Slimani viveu no Sporting a sua época de ouro, a de 2015/16, com três dezenas de golos. Seguiu para o Leicester, jogou emprestado na Turquia e no Mónaco, abandonou o Lyon sem deixar saudades – apenas quatro (!) remates certeiros nas 30 partidas em que participou – e regressou a Lisboa, julgava-se, para relançar a carreira no único clube em que foi feliz desde que partiu da Argélia natal, no verão de 2013.

Seis anos depois, a imagem que dele ficara em Alvalade resistira à erosão do tempo. O seu estilo generoso e batalhador, uma espécie de Paulinho mais eficaz na cara do golo, permanecia na memória dos sportinguistas e a sua volta a casa foi saudada com entusiasmo. E Slimani correspondeu com golos: quatro em 15 dias.

Quando o Sporting parecia ter finalmente reforçado o ataque – em que a quebra de rendimento de Pote era contrariedade inesperada – eis que Slimani entendeu talvez que a sua popularidade junto dos adeptos e o filme do reencontro com Paulinho, o roupeiro emblemático, bastariam para fazer dele a referência de tempos idos, com lugar garantido na equipa. Não percebeu que o Sporting mudara e esticou a corda. Permitiu que o entusiasmo da chegada se esfumasse e que a vontade de trabalhar no limite – que está na origem da ‘nova vida’ do futebol dos leões – fosse coisa boa para novatos e não para um veterano da guerra, à beira dos 34 anos.

Rúben Amorim, pese a relativa inexperiência (?), sabe há muito que sem pulso forte não há grupo de trabalho que consiga cumprir objetivos. E é para isso que lhe pagam. Daí que tenha sido implacável e feito o que lhe competia, seguramente numa conversa que não foi a primeira sobre o tema: informou Slimani que tem que ir viver do nome para outro lado porque no Sporting a oportunidade perdeu-se e o seu tempo esgotou-se. Com todo o respeito pelo avançado argelino, só se pode aplaudir a decisão do treinador, que diz, aliás, muito sobre a sua capacidade de liderança. E como Portugal, da política às empresas, está carente de pessoas como ele!

Cristiano Ronaldo soma 29 golos nesta temporada. Pelo Manchester United são 23, dos quais 21 serviram para empatar, adiantar o marcador (que registava um empate) ou proporcionar simplesmente a vitória. Sem eles, o MU não teria passado da fase de grupos na Champions e seria hoje 11.º classificado na Premier, com menos… 15 pontos! Sublinho isto no dia em que CR7 poderá participar no seu último desafio pelo United em Old Trafford – encerrando assim o tão desejado regresso ao clube que o projetou – já que não estamos a imaginá-lo, na próxima época, a disputar a Conference League…

Os azuis às riscas não podem ver ninguém com uma camisa lavada. E logo mandataram o diretor destrambelhado para fazer uma figura ainda mais triste que a do analfabeto encarnado. Não era tarefa fácil.

Parágrafo final para a Belém TV, através da qual segui ontem a vitória do Belenenses sobre o Olhanense (3-0) – um novo passo na nossa ascensão à Liga 3. Bons comentários e excelente acompanhamento do jogo. Tomara a muitos que nós sabemos!

Outra vez segunda-feira, Record, 2mai22

Por Alexandre Pais
Alexandre Pais

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