Alexandre Pais

O dia em que as estrelas se apagaram

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“A justiça é como uma serpVento2ente, só morde os pés descalços” – Eduardo Galeano, jornalista e escritor uruguaio, 1940-2015
Rodrigo Guedes de Carvalho não deve ter gostado da decisão de Ricardo Costa, novo director-geral de informação da Impresa, de o retirar da direcção de informação da SIC. Quando soube da notícia, recuei até 2004 e recordei o dia em que cheguei ao Tribunal de Oeiras como arguido num processo que o agora simplesmente pivô me moveu, como responsável editorial pela escrita sibilina, mas bem humorada, de Clarinha e Gracinha de Sousa Botelho, nas páginas do Tal&Qual e do 24horas. Rodrigo havia sido um dos protagonistas da crise intestina da SIC, em 2001, que levou à queda de Emídio Rangel, e saía regularmente na rifa das crónicas das manas fictícias. Sentindo-se ofendido, processou-me – quem anda à chuva, molha-se.
A entrada no edifício do queixoso e suas testemunhas dava um filme. De Ricardo Costa a Cândida Pinto, passando Paulo Camacho, era uma procissão de estrelas da TV contra o escriba anónimo e alguns jornalistas igualmente sem aura estelar. E eu perderia o caso se não tivesse tido a sorte de dar com um juiz a sério, que impôs o acordo: “Os senhores são todos jornalistas, entendam-se que eu tenho mais que fazer”. O advogado André Fontinha Raposo fez então um telefonema, Joaquim Oliveira pagou 1500 euros para despesas da papelada e lá foi tudo para casa, perante a indisfarçável irritação do vencedor antecipado.
Vento5
Mas para essa frustração foi também fundamental que os jornalistas Carlos Narciso e Waldemar Abreu, em litígio com a SIC, tivessem acorrido a depor a meu favor, esbatendo com isso a aparente vantagem divina. Um abraço, Carlos e Waldemar, e um renovado obrigado – pela solidariedade e pelo prazer desse momento inesquecível.
Parece que foi ontem, Sábado, 25FEV16

Por Alexandre Pais
Alexandre Pais

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