Alexandre Pais

O dérbi, o campeão e três agoras

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Os jogos têm quase sempre um momento que decide da sua sorte. O do último dérbi foi logo aos 8 minutos, quando o remate de Rafa fez a bola embater na trave. Não entrou então, não entraria nunca mais, é uma história já vista incontáveis vezes.
Manda a verdade que não se recorde esse capricho do destino como fruto do azar de Rafa sem chamar também à colação o mérito de Rui Patrício, que condicionou muito, tornando-a imperfeita, a execução do extremo benfiquista. E podemos até encontrar um segundo momento do desafio, aos 38 minutos, quando um poderoso remate do mesmo Rafa força Rui Patrício à defesa da noite. Se a rapaziada do Nápoles andar a regatear o preço, o Sporting que lhes esfregue o vídeo na cara das negociações e suba a parada.
Certo é que Rafa e Patrício, por aquilo e pelo resto, assinaram o livro como os homens do jogo. Mais tarde, chegaria a chancela do terceiro nome da festa, esse pela negativa: Carlos Xistra, um dos árbitros que melhor explica os motivos por que não haverá nenhum juiz de campo português no Mundial.
Já agora: continuamos a brincar ao VAR? É que, penáltis-sim ou penáltis-não à parte, do que não restam dúvidas é que houve duas agressões que passaram impunes: uma de Rúben Dias e outra de Bruno Fernandes. Como é?
Já agora, parte dois: que Nossa Senhora, de que Fernando Santos é tão devoto, ilumine o selecionador nacional para que aposte no remoçado Rolando e deixe por cá o central encarnado, ao escolher os 23. Não é que me fie muito na estabilidade emocional do defesa do Marselha, que tem as suas coisinhas, mas o Rúben promete ser expulso na primeira vez que aplicar uma arrochada das suas num adversário e quem se trama somos nós – e o engenheiro. É que no Mundial, como já se disse, não vamos ter Xistras.
Já agora, parte três: de que se felicitavam os jogadores e os técnicos do Benfica, no final da partida de Alvalade? Grandes abraços, largos sorrisos e muitas palmas, numa demonstração de evidente satisfação pelo empate. Sim, mas então o segundo lugar quase perdido e as dezenas de milhões de euros da Champions, que com isso irão à viola, dão assim tanta alegria? Brincamos?
Quem não brincou foi o FC Porto e Sérgio Conceição, que merecem o título porque foram mais competentes e porque souberam superar a fase de maior sofrimento – más arbitragens incluídas. Se fosse a eles, faria tudo para que continuasse no Dragão uma das traves mestras do êxito e do seu mediatismo: Iker Casillas, obviamente.
Parágrafo final para João Sousa, que hoje regressa ao top 50 do “ranking” ATP e que venceu, com enorme brilho, o Estoril Open. Conseguiu essa proeza porque, segundo confessou, se preparou intensamente para o torneio. O que se espera, daqui em diante, é que passe a treinar-se com idêntico empenho antes de todas as competições, para que possamos ver, em breve, um nome português no top 20 do ténis mundial. E para que as vitórias se tornem tão normais que nos dispensem de cantar o Hino Nacional como se a Pátria acabe de ser salva.
Outra vez segunda-feira, Record, 7MAI18

Por Alexandre Pais
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