Alexandre Pais

O bagunceiro vai ganhar porque o mundo está ao contrário

O

É o exemplo típico do semeador de confusões. Vai à repartição de Finanças não só para resolver um problema com o IRS como para despejar a sua frustração sobre os funcionários, coagindo-os a aceitar as suas regras. Começa a criar distúrbios e um guarda à civil manda-o abandonar as instalações. Desobedece e fica.
Para continuar com a desordem, entra em direto numa rede social com o falar manso dos anjinhos. O guarda explica que a gravação é ilícita e manda-o desligar o telemóvel. Desobedece segunda vez e faz chantagem: desligo, se me largares-me primeiro. O guarda utiliza a força, imobilizando-o. O homem entra em modo fiteiro, finge-se asfixiado e prossegue a gravação.
Os baderneiros das redes sociais entram em transe: violência da autoridade contra o pobre cidadão indefeso! Os jornalistas, com o mesmo rigor com que dizem que um gestor qualquer “leva para casa” 10 mil euros, sabendo que só recebe metade porque o fisco lhe fica com o resto, embandeiram em arco com a demagogia barata: o golpe de imobilização – que podia ser de abraça cordeiro, por exemplo, mas é logo denominado de “mata leão” para impressionar os incautos – é classificado como “agressão” e da suposta vítima diz-se ainda que “desmaiou”, o que não aconteceu.
No dia seguinte, presente a tribunal, o arruaceiro finge-se afónico para suportar a tese de abuso policial com a qual pretende processar o agente da autoridade. Talvez lhe toque mesmo uma indemnização… Valeu a pena ter ido para uma repartição pública espalhar o caos!
É o mundo ao contrário promovido pela comunicação social e mais um incentivo para que quem tem a obrigação de nos proteger feche os olhos ao crime – sim, para não se meter em trabalhos, passa a deixar à vontade os bagunceiros. Chegámos a isto, pobre país.

Por Alexandre Pais
Alexandre Pais

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