Alexandre Pais

Fátima e fé no caminho de um agnóstico

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Às 12h30 de 12 de junho de 1957, o meu pai e o amigo chegavam a Fátima
Ao ver agora o excelente Fátima, de João Canijo, com interpretações inesquecíveis – Rita Blanco e Anabela Moreira são sublimes – recordei a minha ligação familiar à Cova da Iria.
O meu pai tinha um amigo, António Ramalho, que foi o maior adepto de caminhadas que conheci. Com eles, andei por toda a região da Grande Lisboa e não só: uma subida ao ponto mais alto da serra da Arrábida e depois a descida até Sesimbra, com um cenário deslumbrante, ficaram-me especialmente na memória. E sofri um bocado, em 1957, quando eles decidiram ir de Oeiras a Fátima a pé e não me quiseram levar, por ter só 11 anos e recearem que eu não aguentasse os 150 quilómetros de percurso que queriam fazer, e conseguiram, em três dias. Acabei por ir de carro para o Santuário, com outros familiares também devotos da Senhora.
A ligação do escriba à Igreja católica começara com a primeira comunhão, o crisma e a comunhão solene, em Canas de Senhorim – onde ajudei à missa centenas de vezes – e continuaria nos anos 60, quando frequentei a Escola Salesiana do Estoril. Hoje, penso que seria ainda capaz de chegar a Fátima em três dias, mas é demasiado tarde: o tempo e muitas desilusões fizeram de mim agnóstico, embora um agnóstico fiel ao seu passado e que procurará, até ao fim, um sinal da existência de Deus. E a possibilidade de um dia me poder reencontrar com a minha filha Teresa… quem sabe?
Parece que foi ontem, Sábado, 10MAI17
Em 1956, em Canas de Senhorim, com os colegas de escola, o escriba (à direita, em pé) no dia em que fiz a comunhão solene
Por Alexandre Pais
Alexandre Pais

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