Gilberto Madail tirou da cartola um coelho que é uma carta de mestre: o convite a José Mourinho para liderar a Seleção nos dois próximos jogos.
Tenha ou não êxito, o presidente da FPF ganha fôlego para a recandidatura, embora os portugueses, sempre desconfiados, olhem para a sua iniciativa de sobrolho franzido.
Sou um desses pessimistas que duvida do êxito da campanha de Madail. E por dois motivos. O primeiro: por que necessidade de glória se arriscará Mourinho a perder a aura de invencibilidade que ostenta, em duas partidas de elevado risco, dadas as circunstâncias? O segundo: como veriam os adeptos do Real – e o presidente Florentino, sempre tão sensível às agitações das bancadas do Bernabéu – que Mou abandonasse, ainda que por breves dias, o seu trabalho em Madrid, junto de uma equipa que tarda em render o que pode e convencer o que deve?
Mourinho não é um deslumbrado à espera de mais holofotes na ribalta. Gere a sua carreira ao milímetro e não dará, digo eu, este arriscadíssimo passo no escuro.
Passe curto, publicado na edição impressa de Record de 17 setembro 2010