Como Moita Flores, tinha feito uma promessa: “Desisti de ser crítico seja do que for feito por este homem”. Mas a questão com que me debati foi a de saber o que é de facto relevante para o cronista, se o líder de um clube, se o próprio emblema e os leitores que por ele vibram e sofrem. E a resposta só podia ser uma: importante é o Sporting e os seus adeptos, em especial aqueles que há 16 anos acorrem a Alvalade na esperança, sempre renovada, de verem a equipa ser campeã nacional.
Como é hábito, não alinharei em radicalismos, a verdade e a razão só raramente não têm duas faces. E é isso que acontece no Sporting. De um lado, há um líder que critica publicamente os jogadores, para mais no final de um desafio em que a sorte não lhes sorriu. Não sou fã da dupla de centrais leonina, que é boa mas não extraordinária e que treme nos momentos decisivos, como se viu, e o certo é que foi por aí que os leões cederam em Madrid. Mas falharam também por não terem concretizado as suas oportunidades. E vou mais longe: houvesse Fredy Montero feito o 2-1, ao fechar da cortina, e viveríamos hoje numa nuvem de esperança, a encarar com otimismo a próxima quinta-feira – e sem qualquer post extremista no Facebook. O que pode fazer uma bola que entra (ou não) numa baliza!
Do lado oposto (?), estão os jogadores, que não deviam ter criticado o presidente porque, sendo todos funcionários do clube, ele é pago para representar a entidade patronal – e a crítica, mesmo que injusta ou destemperada, é uma das funções da sua liderança – e os futebolistas são remunerados para jogar e para suportar os reparos que sejam consequência natural de resultados negativos.
O drama aqui é o desequilíbrio emocional provocado pela necessidade de afirmação permanente e que levou à absurda e ridícula “suspensão” de jogadores que têm pela frente objetivos nada desprezíveis: garantir o 3.º lugar na Liga, lutando até pelo 2.º e pelos milhões da Champions – se o Benfica perdesse os jogos que lhe faltam com o FC Porto e com o Sporting, lá se iriam os seis pontos de avanço –, perseguir o sonho na Liga Europa até ao fim e ganhar a Taça de Portugal. Afinal, quem pôs a vaidade pessoal ou a suscetibilidadezinha milionária à frente dos interesses do clube? Pelos vistos, só Jorge Jesus – a quem tiro o chapéu pela forma arguta e profissional como geriu a estupidez da crise e manteve a equipa focada nas suas obrigações – preservou a cabeça fria e defendeu o Sporting. Os seus detratores que engulam mais esse elefante.
Parágrafo final dedicado à minha última desilusão. Desta feita, foi o Open da China, de snooker, a perder muito do interesse logo na ronda inicial, com a eliminação do melhor de sempre, o pentacampeão mundial Ronald O’Sullivan, que está para o snooker como Roger Federer está para o ténis, com uma diferença: por vezes, Ronnie parece que não “bate” bem. Tendo acabado de conquistar o UK Championship pela sexta vez na carreira – foi o seu 31.º título em torneios pontuáveis e o terceiro desta época – “The Rocket” surgiu “hibernado” no torneio chinês e depressa regressou a casa. Moral desta crónica: haja paciência para todos os desaparafusados do Planeta!
Outra vez segunda-feira, Record, 9ABR18
Montero é o culpado disto tudo!
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