Alexandre Pais

Militares andam a dormir na forma

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Não fosse o trabalho da comunicação social e Pedrógão Grande seria pouco mais que um marco pintado de novo, na berma da estrada. E é bom que o foco dos média se mantenha na região mártir do centro do país, para que a vontade política não ceda à modorra do tempo.
Este fenómeno, que já não é de agora, não o entenderam ainda os militares, que há pouco responderam a novas desconsiderações do poder com a marcação de uma “manif” do reumático para Belém e ameaçaram com a deposição das espadas, como se estivéssemos no tempo da Maria Cachucha. E bastou a oportuna coincidência da detenção dos suspeitos de corrupção nas messes da FA para os fazer recuar.
Com o decurso dos anos, os militares foram perdendo a capacidade de intervenção em jornais e televisões – onde até ao início do milénio surgiam regularmente – que esse é o campo próprio para pressionar quem manda, mas também para esclarecer a opinião pública da importância do papel que lhes cabe e das dificuldades com que lutam. E para denúncia das humilhações a que tentam sujeitá-los.
Nos tempos que correm, a espada é a palavra. E a opção é simples: ou aprendem a comunicar e recuperam o lugar na tribuna dos dias ou continuarão, como hoje, a dormir na forma.
Antena paranoica, Correio da Manhã, 15JUL17

Por Alexandre Pais
Alexandre Pais

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