Antes de deixar o Record, há três anos, inaugurei nas paredes de vidro da redação um painel fotográfico com todos os medalhados olímpicos portugueses – e que vai agora integrar Telma Monteiro. E lá estão, entre os manos Duarte e Fernando Bello, e o campeoníssimo Carlos Lopes, os irmãos Quina, Mário e José Manuel, que foram medalha de prata na vela – classe de Star, com o Ma Lindo – nos Jogos Olímpicos de Roma, em 1960.
Refiro Mário Gentil Quina porque fui seu paciente acidental no British Hospital, de Lisboa, há uns cinco anos. Foi ele o gastroenterologista que me descobriu o helicobacter pylori – uma espécie de bactéria de que entretanto me livrei – após ter recuperado da emoção pelo inesperado contacto com um atleta de eleição, que participou em quatro Olimpíadas e com o qual pude trocar algumas ideias sobre o desporto em Portugal.
Perguntei por ele agora a um colega do British e recebi uma resposta que me fez passar a admirar mais, além do desportista, igualmente o médico, hoje com 86 anos: “O senhor professor, embora estivesse ainda em perfeitas condições, resolveu acabar com as consultas por receio de que o avanço da idade o levasse, um dia, a errar um diagnóstico e a prejudicar um doente”.
Ora aí está, saber sair pelo próprio pé. Parece fácil mas é só para sábios. Chapeau, professor!
Parece que foi ontem, Sábado, 8SET16
Mário Quina, o velejador olímpico e o helicobacter
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