Sabe-se que por detrás do êxito de uma seleção há sempre uma equipa que sofreu e trabalhou. Foi o caso da nossa, com jogadores e técnicos, dirigentes e público unidos para que se conseguisse o objetivo comum de qualificação para o Europeu. Estão, estamos todos de parabéns.
Mas numa história de sucesso existem igualmente protagonistas e eu peço licença ao leitor para distinguir quatro. O primeiro é Gilberto Madaíl, o presidente que passou anos na corda bamba, com um coro de assobios preparado para o concerto à mais leve decisão errada ou ao mais inconsequente percalço. E a verdade é que Madaíl deixa a Seleção qualificada para mais uma grande competição e sai da FPF não só pelo próprio pé, mas também pela porta da frente. Em nome de Record, o meu aplauso.
Outro protagonista é Paulo Bento, que começou incensado por muitos, mesmo por aqueles que o criticavam por só ter conseguido, no Sporting, quatro segundos lugares. Agora, falhada a qualificação direta, voltaram a ver-se essas cabecinhas de fora, à procura de oportunidade para o seu pequeno e tradicional “veem como eu tinha razão”. Não tinham, não tiveram, estamos no Euro’2012. Paulo Bento voltou a ser segundo – mas ganhou e eles perderam.
O meu terceiro eleito é Cristiano Ronaldo, que surgiu finalmente na equipa de todos nós ao nível a que nos habituou no Manchester United e no Real Madrid, correndo, lutando, marcando e dando o exemplo. E dos seis golos com que “massacrámos” os bósnios quero realçar o primeiro, o abre-latas, a bomba sem a qual não saberíamos com que resultado teríamos saído ontem da Luz. CR7 já leva 30 golos esta época – e até julho ainda chega aos 60.
Deixei para o fim o “patinho feio” da Seleção, o 10.º melhor marcador de sempre da turma nacional, com 19 golos, dois deles apontados ontem. Hélder Postiga é, pela sua qualidade dentro e fora do campo, um orgulho para o futebol português. Trabalha muito, não faz asneiras, não se arma em vedeta, não diz disparates e cumpre o que dele se espera: joga e marca golos. Ontem teve uma noite de gala. E merece tudo. Deus distrai-se de vez em quando mas dormir não dorme.
Minuto 0, publicado na edição impressa de Record de 16 novembro 2011