“Xeque-mate” é uma espécie de “Brainstorm”, versão recente do “Quem sabe, sabe”, da RTP dos anos 60. O debate político da TVI24 funciona como um concurso, com os gremlins à solta numa rede social a fazerem de júri, e o relógio e o apresentador a controlarem os concorrentes.
Não existe um prémio físico, apenas uma suposta vitória reservada para a chamada “jogada de xeque-mate”, em que nenhum dos contendores logra sair por cima, já que a retórica é semelhante. O palavreado redondo e repetitivo – fatal ao cabo de meia hora – e as tentativas de proferir o derradeiro remoque não evitam o empate anunciado.
Com a participação no programa, Ana Catarina Mendes e Luís Montenegro beneficiam mais do ponto de vista financeiro, supõe-se, do que político. Ela porque a inteligência e a capacidade argumentativa não são acompanhadas pelo mesmo nível de empatia com o telespectador – temos ali uma mulher destinada a um papel relevante no país mas não uma primeira-ministra. E ele porque tendo perfil e discurso para liderar o seu partido e um futuro governo, se diminui sempre que um botão o manda calar – e essa pomba silenciada faz esquecer o falcão indomável do congresso do PSD. De “Xeque-mate” não sairá um Marcelo.
Antena paranoica, Correio da Manhã, 24MAR18
Luís Montenegro só perde com "Xeque-mate"
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