As cabeças vinham dos tempos de vertigem, dos hábitos de lassidão, das mordomias e dos esquemas. Cada eminência parda consultada pelo acionista pedia fortunas à Cofina para lançar um canal de televisão. E tudo foi ficando em stand by até ao dia em que a companhia percebeu que tinha dentro de casa um visionário com um projeto editorialmente credível – assente numa filosofia clara e inovadora, a informação primeiro – e financeiramente adequado à profunda crise que atravessavam os média e o país.
Avançou, então, a Cofina. E cinco anos volvidos, eis que a CMTV lidera com larga margem os canais no cabo, nada me admirando que um dia venha a ultrapassar os generalistas que, pelo sim pelo não, vão dizendo cobras e lagartos do player intruso, mas aderindo de mansinho ao novo paradigma que o concorrente impôs com o sufrágio dos telespectadores.
O escritor irlandês Laurence Sterne entendia, com lucidez, que “a censura é o imposto da inveja sobre o mérito”, pelo que todas as críticas que se abatem hoje sobre o CM, a CMTV e a própria Cofina têm de ser analisadas através de duas faces do prisma: o da razão que lhes possa assistir e o da profunda inveja sobre o mérito. O mérito, indiscutível, de quem reforça dia a dia uma estação de televisão sem amarras e sem medo, e do grande capitão que fez as coisas acontecerem. Octávio Ribeiro? Esse mesmo.
Observador, Sábado, 22MAR18
O imposto da inveja
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