Quando Marcelo diz que o Governo devia antecipar a previsão dos tempos difíceis que 2023 trará, deixa a nu o ‘otimismo’ de Costa, esse propagador de boas notícias. É que talvez a antevisão do que nos espera travasse, por exemplo, a demagogia barata em torno da atualização das pensões.
O excesso de gritaria na TV é, de facto, consequência da anestesia crónica dos portugueses, que desfrutam do fim (?) da pandemia como se a crise da economia europeia, provocada pela guerra na Ucrânia, não estivesse em marcha aos olhos de quem se mantém acordado. Sim, o Governo nem precisaria de explicar nada porque os sinais do agravamento do custo de vida já são aterradores. Os negócios começam a claudicar, a escalada das taxas de juro não parará tão cedo, as falências nas famílias batem à porta e em breve até os turistas chegarão em menor número.
Se as previsões dos pessimistas militantes se confirmarem e Portugal entrar em recessão, bem podem os oportunistas da baixa política dar início aos protestos pelos reduzidos ou mesmo nulos aumentos das pensões em 2025 ou 2026… Que terá de dizer o PM do país das maravilhas para se perceber que a ilusão do ‘excedente orçamental’ vai acabar? Será o diabo, infelizmente.
Antena paranoica, Correio da Manhã, 24set22