Alexandre Pais

Gratidão e caráter nos Globos de Ouro

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Conhecido pela irascibilidade exibida no banco do FC Porto, raramente Sérgio Conceição revela o seu lado humano. Mas eu, que detesto vê-lo na fase do destempero, guardei o que escreveu, há poucas semanas, na hora do adeus de Maria Teresa Granado, fundadora da Comunidade de São Francisco de Assis, em Coimbra, que Sérgio apoia: “Hoje apagou-se uma das luzes mais brilhantes que conheci na minha vida. A Madre Teresa passou mais de 40 anos a olhar por quem não tinha ninguém. Foram dezenas de meninas e meninos que ela criou e amou…” 

Esta expressão do sentimento de ternura por uma notabilíssima mulher que fez da solidariedade e do despojamento o sentido da vida, revela bem mais sobre a personalidade do Sérgio do que o espalhafato a que se presta num jogo de futebol. Recordei-lhe a nobreza a ver os Globos de Ouro – magnífico o desempenho de Clara de Sousa! – quando César Mourão, no apogeu da sua popularidade e maturidade como ator, agradeceu o prémio a Herman José, dizendo que, sem ele, não teria chegado onde chegou.

Parece fácil, mas não é, para mais num tempo em que a concorrência é selvagem e os egos não cabem todos na sala. Certo é que quem não é generoso, quem não é grato, não tem bom caráter.

Antena paranoica, Correio da Manhã, 9out21 

Por Alexandre Pais
Alexandre Pais

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