Não duvido que a expulsão de Coates, indevidamente penalizado com um primeiro amarelo, terá impedido o Sporting de sair vencedor do Dragão. Tratou-se de mais um erro resultante da má seleção e deficiente preparação dos árbitros, que várias vezes tem beneficiado os leões e outras tantas os tem lesado.
Podia ter acontecido ao contrário, com Pepe, também ele punido com um cartão, aos 42’, após uma troca de afagos com Matheus Reis – uma espécie de Pepe de Alvalade, pelo voluntarismo com que sempre se mete em sarilhos – numa disputa braçal que terminou com a mão do portista no peito do ‘frágil’ adversário, que logo se rebolou pelo chão, simulando as dores horríveis que tanto impressionam os árbitros totós. Se não guardasse o resto das habituais festividades para o fim da partida e tivesse visto um segundo amarelo, Pepe seria igual e injustamente expulso. Sorte, calhou a outro.
Sim, Pepe reservou-se para o final e após o apito derradeiro permaneceu, caído, dentro da baliza, com lancinante sofrimento, na expetativa de que talvez o VAR interviesse e fosse marcado um penálti a favor dos dragões. E nessa armadilha caíram os de Lisboa, ao lançar-se sobre o luso-brasileiro com o palavreado que se calcula, o que levou os colegas de equipa a acorrerem em sua defesa – como se ele precisasse!
Dessa maneira se iniciou o lindo foguetório que nos tornou, de novo, aos olhos do Mundo civilizado, nuns terceiro-mundistas sem emenda. E assim tudo continuará enquanto a rebaldaria – que começa no triste espetáculo dos bancos durante os jogos e já vai nos carregadores de material publicitário – não for punida de forma severa por uma instituição que não dependa dos prevaricadores. Aliás, nada mais claro que o silêncio da marioneta dos clubes na liga ou da anedota governamental para se ver como estamos entregues à bicharada.
E quando o presidente que mais parecia combater a podridão dos centros de poder resolve aproveitar a presença em casa alheia para insultar o líder histórico dos rivais e a seguir armar-se em vítima, então ficamos com a certeza de tudo estar perdido. Não, deixem-se lá de queixinhas, são todos artistas do mesmo circo, parabéns! Por mim, faço como Salomão e lavo daí as mãos. Têm o que merecem.
Uma palavra para a excelência da forma de William Carvalho, que contrasta com a sua condição nos primeiros meses da época, em que não era titular do Bétis e jogava a espaços. Um dia, William decidiu levar a preparação mais a sério, perdeu peso e transformou-se no portento que vemos hoje. Oxalá prossiga assim por mais umas semanas porque dentro de um mês e pouco a Seleção vai ter um ou dois jogos a doer.
Cristiano não marca há seis jogos e a Juventus tem o 11.º ataque da Serie A. Mais um ‘divórcio’ ruinoso.
No último parágrafo, peço licença ao leitor para recordar aquele dia de fevereiro de 1972 – ai, ai… – em que entrei pela primeira vez na redação do ‘Diário de Lisboa’ para lá ficar três anos. Foi um período único da minha vida, uma aventura irrepetível. Meio século depois e ainda a perorar por aqui, saúdo os meus velhos companheiros, com votos de que os vivos por cá continuem e curvando-me perante a memória dos que já partiram.
Outra vez segunda-feira, Record, 14fev22